Início Cidades CALAMIDADE

CALAMIDADE

0

ATÉ QUANDO?

Cidades da região tentam retomar normalidade depois de semana caótica por causa das chuvas

A Região Metropolitana de São Paulo – e boa parte do Interior do Estado, também – viveram situação de verdadeiro caos no início desta semana em razão das chuvas que começaram na noite de domingo, 9, e se estenderam durante toda a madrugada de segunda-feira, 10.
A primeira consequência do volume de água foi o transbordamento dos dois principais rios que cortam a Capital (a cidade de São Paulo), o Tietê e o Pinheiros, interditando totalmente o tráfego de veículos nas duas vias marginais a eles.
Isso foi o suficiente para o sistema de transportes na região paralisar: um dos pontos de maior alagamento, na região do Cebolão (onde se encontram as duas marginais) e no bairro do Jaguaré, impedia o tráfego de quem chegava à Capital pelas rodovias Castello Branco, Anhanguera e Bandeirantes. Para os moradores da região Oeste, outro agravante: as linhas da Companha Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) 8/Diamante e 9/Esmeralda, que ligam a região de Itapevi até o Centro da Capital ou Osasco até Grajaú, com trilhos sob a água, também foram paralisadas. Moradores de Itapevi, Jandira, Barueri e Carapicuíba, que tentavam se deslocar em direção a Osasco ou mesmo à Capital, ficaram totalmente ilhados, sem opção de transportes.

CEAGESP

Na Capital, além do prejuízo para centenas de proprietários de veículos cobertos pelos diversos pontos de alagamento, outra ocorrência grave se abateu sobre a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), considerado o maior entreposto de alimentos da América Latina, estabelecida na Vila Leopoldina, zona Oeste da Capital.
Com as dependências totalmente tomadas pelas águas, caminhões que fazem o transporte de mercadorias ficaram impedidos de carregar ou descarregar; além disso, em cálculos que ainda não foram concretizados, cerca de 7 mil toneladas de frutas e verduras tiveram de ser descartadas, gerando prejuízo inicialmente estimado em R$ 20 milhões. A situação na Ceagesp voltaria a se normalizar somente na quarta-feira, 12; mas até aquele momento os efeitos do desabastecimento de mercadorias começava a ser sentido em mercados e feiras livres da região.

MORRO DO SOCÓ

Das cidades da região, a mais próxima da Capital e que sentiu o transtorno do trânsito paralisado, foi Osasco. Apesar de certa normalidade observada nas zonas Centro e Sul, foi a zona Norte quem mais amargou o problema dos alagamentos, notadamente em áreas próximas ao rio Tietê, como o Jardim Piratininga ou o Rochdale.
Mas a cena mais impressionante de todas foi o deslizamento de terra no Morro do Socó, extremo Norte da cidade, onde centenas de famílias vivem em áreas de risco. Inicialmente, a impressão era a de que, apesar do grande susto, nenhuma vítima havia sido identificada no local, mas uma criança de 7 anos acabou soterrada e, socorrida, estava internada em estado grave ainda na tarde de quarta-feira, 12. No mesmo local, 80 famílias foram orientadas pela Defesa Civil da cidade para deixarem suas casas; algumas delas chegaram a ser removidas para um centro esportivo; mas tanto elas com as demais reclamavam a respeito do valor ofertado pela Prefeitura para o pagamento de Bolsa-Aluguel, de R$ 300,00, afirmando não ter para onde se dirigir com tal monta.
Logo na manhã de segunda-feira, 10, o prefeito Rogério Lins (Pode) colocou toda sua equipe de trabalho para socorrer os atingidos pelas chuvas e suas consequências e montou um gabinete de crise dentro do Centro de Operações Integradas (COI), acompanhando a situação por meio das câmeras espelhadas pela cidade.
Na tarde da mesma segunda-feira, o prefeito decretou Estado de Calamidade na cidade e, na terça-feira, 11, anunciou o cancelamento dos festejos alusivos ao aniversário de emancipação da cidade, programados para este final de semana.

CAOS GERAL

Nas demais cidades da região, além dos transtornos de alagamentos de rios e córregos, a semana foi marcada pelas equipes das prefeituras limpando vias e dando suporte aos moradores. Ainda na manhã da segunda-feira, 10, o cálculo em todas elas é que a chuva havia atingido cerca de 130 milímetros (mm) em menos de 24 horas.
Em Carapicuíba, além de pontos de alagamento na região da Marginal do Ribeirão, na região da Cohab, também foram detectados incidentes similares na região central, próximo ao Parque dos Paturis. A principal consequência, logo nas primeiras horas do dia era o volume de pessoas que se aglomerava na estão da CPTM, sem opção de transportes.
No município de Barueri, tradicionais pontos de alagamento, como a região do bairro do Tamboré, voltaram a sentir as consequências da chuva. Mas a imagem mais impressionante ocorreu no Centro da cidade que, todo alagado, impedia circulação de pessoas e veículos no terminal de ônibus e, principalmente, em frente à própria Prefeitura. O prefeito Rubens Furlan (PSDB) também montou um gabinete de crise, instalado na Secretaria de Segurança.
Em Jandira, além de todas as ações para apoio à limpeza das vias, a Prefeitura socorreu a Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Pedrina Benedita Dias, que teve parte de um muro desabado, causando temor em pais e alunos de que a situação também poderia atingir a própria unidade escolar. A Defesa Civil isolou o local e descartou tal risco. Ainda na cidade, a água da chuva em contato com ácido clorídrico manipulado por uma empresa na cidade provocou um incêndio. O receio de vazamento de produtos químicos causou a interrupção total do tráfego de veículos nos dois sentidos da rodovia Castello Branco.
Diversas ruas da região central de Itapevi amanheceram alagadas, carregando lama para dentro de residências e pontos comerciais.
Em Santana de Parnaíba, a ponte sobre o rio Tietê, ligando a região central aos bairros da Fazendinha e do Alphaville, teve o trânsito interrompido em razão do maior volume de água no rio.
Uma das cidades onde o volume de água do rio Tietê mais subiu foi Pirapora do Bom Jesus, que recebe tal volume da barragem Edgard de Souza e que, desde cedo, já operava acima de sua capacidade. Logo nas primeiras horas do dia a Prefeitura se apressou em retirar moradores de áreas de risco, monitorando inclusive as duas pontes que passam sobre o rio no Centro da cidade. Também foi a primeira da região a decretar Estado de Emergência, suspendendo as aulas nas escolas municipais até a quarta-feira, 12.
Além das cidades da região, outras tantas no Estado de São Paulo sofreram com o volume das chuvas, como Guarulhos, Taboão da Serra, Cabreúva, Araçariguama (onde moradores ficaram ilhados por três dias e houve uma morte), Marília (uma morte), Cabreúva (uma morte), Salto e Botucatu, onde foram registradas mais quatro mortes.
Segundo informações prestadas pela Defesa Civil da Capital paulista, o volume de chuva registrado foi o maior dos últimos 37 anos.

“Fui até o Morro do Socó, região da nossa cidade que sofreu um deslizamento durante as fortes chuvas de hoje. Toda estrutura da Prefeitura está empenhada para auxiliar e garantir a segurança das famílias da região, Defesa Civil, Guarda Civil, Assistência Social, Habitação, Saúde e Obras. Estamos monitorando e trabalhando para garantirmos a integridade física da nossa população”.
Rogério Lins (prefeito de Osasco).
“Pessoal, seguimos com o
trabalho pela cidade para
amenizar os danos causados
pelas fortes chuvas desta
semana. Continuamos com a
limpeza das ruas, com os
reparos pedidos pela população e com o atendimento às famílias afetadas pelos alagamentos”.
Marcos Neves (prefeito de Carapicuíba).
“Graças a Deus não há relatos de vítimas, somente pontos de alagamentos. Equipes de zeladoria, assistência social, guarda municipal e defesa civil também estão nas ruas já trabalhando e auxiliando moradores”.
Igor Soares (prefeito de Itapevi).
“Gabinete de Crise instalado na Secretaria de Segurança, monitorando e atuando nas consequências dessa chuva de hoje, considerada uma das mais agressivas que já atingiu Barueri em todos os tempos”.
Rubens Furlan (prefeito de Barueri).

Sair da versão mobile