Dirceu Cardoso Gonçalves
Desde os anos 80, quando se popularizaram os computadores pessoais, a internet e o telefone celular, vivemos em permanente mutação. Esses três elementos uniram-se num mesmo processo e desbancaram coisas tradicionais como as máquinas de escrever e calcular, o telefone fixo e os sistemas de circulação de informações. Milhares de digitadores, operadores de máquinas e outros profissionais perderam seu lugar no mercado. Os computadores de hoje «conversam» entre si e emitem (ou recebem) instruções dos equipamentos outrora operados exclusivamente pelos humanos. A robotização veio para dar velocidade e baixar custos, mas também eliminou empregos e renda. Pereceu quem, por falta de visão ou oportunidade, não se reciclou para receber a nova tecnologia. Processos de produção que empregavam dezenas de homens e mulheres hoje são movimentados por apenas um ou dois que se qualificaram.
Agora, por conta da pandemia que obrigou à quarentena, explode a criação de lojas virtuais, que vendem seus produtos pelo computador, smartphone e até pelo velho, mas ainda presente, telefone. Não podendo receber a clientela pessoalmente, comerciantes mais ágeis colocaram suas mercadorias na internet para não ficar com os negócios totalmente parados. Segundo a associação que controla o comércio eletrônico, de março para cá foram abertas 107 mil lojas eletrônicas no país. Isso equivale a mais de uma nova loja por minuto. Antes do quadro epidêmico, eram 10 mil por mês, num mercado que já estava em alta.
Calcula-se que, pelas dificuldades impostas ao comércio presencial, as vendas online tenham crescido 40%. A preocupação é sobre o que virá quando acabar a pandemia. Quanto dos negócios voltará ao balcão depois de ter experimentado a venda virtual, que não exige loja, luminoso, vitrine, endereço caro, vendedores uniformizados, horas-extras e outros desembolsos? Muitas empresas que possuem lojas tradicionais, praticam preços menores que os do balcão em seus sites de venda. Tão inferiores em certas mercadorias, que estimulam o cliente a comprar virtualmente, mesmo tendo de pagar as despesas de entrega. Para o comerciante, a loja virtual tem a vantagem de captar clientes de todo o país (até do exterior) e, para o cliente, traz o conforto e a segurança de comprar sem sair de casa. É mais uma variável que pode encurtar as vagas de trabalho.
Todos os que compreenderam a revolução que o computador provocaria, obtiveram vantagens dessa máquina e de seus complementos. Mas é bom continuar atentos porque, no próximo ano, chega ao Brasil a internet em 5G, que promete ser até 100 vezes mais rápida que a 4G, hoje utilizada. Igual ao computador de 40 anos atrás, poderá ser mais uma devoradora de empregos. Mas, em contrapartida, trará vantagens a quem a entender e dominar. É por isso que governos, legisladores, escolas, centros de tecnologia e os cidadãos (os maiores interessados) precisam criar alternativas de difusão desse novo salto tecnológico e oportunizar o treinamento do maior número possível de brasileiros. Esse é o tipo de Educação que necessitamos, e seu resultado tende a ser imediato, na mesma velocidade das máquinas que estão por vir…
Tenente Dirceu Cardoso
Gonçalves é dirigente da
Aspomil (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)