Em entrevista concedida na segunda-feira, 6, no Palácio dos Bandeirantes, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, a iniciar a fase 3 dos ensaios clínicos para testar a eficácia e a segurança da vacina contra o coronavírus, chamada de CoronaVac. “Esta é uma etapa de fundamental importância na vida do país e na vida e na saúde de milhões de brasileiros. Toda a pesquisa clínica será coordenada pelo Instituto Butantan, um dos maiores centros de pesquisa do mundo, que tem mais de 100 anos de atividades e é o maior produtor de vacinas da América Latina e um dos maiores do mundo”, disse Doria.
Segundo o governo do Estado, serão aceitos inicialmente, como voluntários, os profissionais de saúde que trabalham no atendimento a pacientes com Covid-19.
As inscrições começarão na segunda-feira, dia 13, e o processo de testagem está programado para ser iniciado em 20 de julho. Esses profissionais de saúde, com idade acima de 18 anos, não podem ter sofrido infecção provocada pelo coronavírus, não devem participar de outros estudos e não podem estar grávidas ou planejarem uma gravidez nos próximos três meses. Outra restrição é que não tenham doenças instáveis ou que precisem de medicações que alterem a resposta imune.
O governo também informou que o Instituto Butantan está adaptando uma fábrica para a produção da vacina. A capacidade de produção é de até 100 milhões de doses. Se a vacina for efetiva, o instituto vai receber da Sinovac, até o fim do ano, 60 milhões de doses para distribuição.
As análises da Anvisa incluíram informações clínicas e de fabricação geradas pela Sinovac, além do plano de desenvolvimento clínico e protocolo de teste desenvolvido pelo Butantan. A agência acelerou o processo devido à emergência de saúde pública.
NOVE MIL
VOLUNTÁRIOS
Os testes da CoronaVac serão realizados em nove mil voluntários que trabalham em instalações especializadas para Covid-19 em 12 centros de pesquisas de seis estados brasileiros: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. A convocação dos participantes voluntários está programada para começar neste mês, após a aprovação ética ser obtida em cada local clínico.
Na Capital paulista, foram selecionados o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas e o Hospital Israelita Albert Einstein. Ainda no estado de São Paulo participarão a Universidade Municipal de São Caetano do Sul, o Hospital das Clínicas da Unicamp (Campinas), a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e o Centro de Saúde Escola da Faculdade de Medicina da USP Ribeirão Preto.
As pesquisas serão realizadas, ainda, na Universidade de Brasília; no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro; no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos da Universidade Federal de Minas Gerais; no Hospital São Lucas da PUC do Rio Grande do Sul e no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná.
FASE 3
Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, a vacina já está na terceira etapa, chamada clínica, de testagem em humanos. O laboratório chinês já realizou testes do produto em cerca de mil voluntários na China, nas fases 1 e 2. Antes, o modelo experimental aplicado em macacos teria apresentado resultados expressivos em termos de resposta imune contra as proteínas do vírus. “A fase 2 [de testes clínicos, feito na China] demonstrou a segurança e a eficácia da vacina. Após 14 dias da segunda vacinação, mais de 90% das pessoas vacinadas desenvolveram proteção. Então é uma vacina que tem um perfil de proteção elevado”, explicou Dimas Covas.
Os voluntários poderão se candidatar por meio de um aplicativo do Instituto Butantan, que deverá ser lançado na própria segunda-feira, dia 13.