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Marte: até a China vai

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Mario Eugenio Saturno

Vemos que mais e mais nações investem no espaço, colocam satélites em órbita e enviam sondas para a Lua. Aproveitando a janela de oportunidade que acontece a cada dois anos, diversas nações lançaram sondas ao planeta vermelho, Marte.
Convencer a Nação da necessidade do espaço é um trabalho hercúleo, nem os militares ficam dispostos quando veem os custos, que dirá nossos políticos. Oras, se até os políticos da Argentina entendem a necessidade… Nosso vizinho vive uma crise econômica e política pior que a nossa há décadas e, mesmo assim, investem muito mais que o Brasil, e agora vão lançar o segundo satélite geoestacionário fabricado por eles mesmos. Satélite que tive a oportunidade de testemunhar o desenvolvimento por dois anos.
Quando se vê a conquista do espaço, pensa-se nos Estados Unidos da América e na Rússia, agora na China. Mas não esqueçamos dos foguetes franceses, Ariane, e da base de lançamentos de Kourou, na Guiana Francesa. Sim, a França é vizinha de nosso país e tem floresta amazônica, para surpresa de muitos generais!
Surpreendentemente, os Emirados Árabes lançaram também sua primeira missão espacial a Marte. A Sonda Al-Amal foi lançada em 20 de julho e deve entrar em órbita do planeta vermelho em fevereiro. O objetivo desta missão é obter imagens da dinâmica da atmosfera marciana. E, a longo prazo, o país pretende estabelecer uma colônia humana em Marte daqui cem anos. Quais os planos brasileiros para o espaço nos próximos dez anos? Não temos, não é mesmo? E o satélite Equars teve seu orçamento zerado para o ano que vem…
Al Amal, que significa esperança, decolou a bordo de um foguete H-IIA da empresa japonesa Mitsubishi Heavy Industries, no sul do Japão e seguiu a trajetória prevista com sucesso. A sonda chegará depois de sete meses, em fevereiro próximo, quando comemorarão os 50 anos da unificação dos sete principados que compõem os Emirados Árabes Unidos.
No dia 23 de julho, foi a vez dos chineses. O foguete Longa Marcha-5 enviou a primeira missão não tripulada chinesa com a missão de pousar em Marte. A missão, designada Tianwen-1, é a mais ambiciosa de todo o programa não tripulado chinês. A carga útil tem cinco toneladas e é composta de um orbitador, um módulo de pouso e um jipe robótico semelhante aos Spirit e Opportunity que a Nasa lançou em 2003.
E no dia 30 de julho, a Nasa lançou sua missão a Marte, mais uma, desta vez com o rover Perseverance que tem o objetivo de procurar atividade biológica em Marte. O lançamento foi feito por um foguete Atlas 5, no Cabo Canaveral, Flórida.
Os norte-americanos estão mais ambiciosos, a nave vai descer na cratera Jezero, local onde se espera encontrar sinais biológicos, se existiu vida no passado de Marte. Acredita-se que já foi um planeta habitável, então tornou-se o atual deserto gelado e seco que é hoje.
A nave americana tem sete instrumentos embarcados, com importantes colaborações europeias. Entre eles estão câmeras, um imageador de radar, lanternas de laser, raios X e ultravioleta, todas voltadas para a análise da composição de amostras. E ainda, o pequeno Ingenuity que testará a possibilidade de voo na tênue atmosfera marciana.

Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Senior do Intituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano

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