Com o objetivo de fortalecer as presenças feminina e do segmento LGBTQI+ na Câmara Municipal, um grupo de osasquenses resolveu seguir uma tendência já apresentada em outras oportunidades, mas que poderá se transformar numa tipo de candidatura inovadora para a eleição deste ano na cidade. Esse grupo, integrado por cinco pessoas, compõe um movimento intitulado AtivOz e anuncia o início da campanha eleitoral visando a se eleger com uma candidatura coletiva.
No Brasil, a ideia de um mandato coletivo, também chamado de mandato compartilhado, surgiu há poucos anos e se resume pela ideia de que alguém que, depois de eleito, comprometa-se em dividir seu gabinete e mandato com uma rede de pessoas voluntárias, compartilhando sua gestão e votando de acordo com as deliberações dessa equipe. Dessa forma, o representante abre espaço para ações e posicionamentos mais plurais, que tendem a neutralizar interesses particulares. Apesar do modelo diferenciado, essa prática, no entanto, não é tratada de forma oficial pela Justiça Eleitoral. Ou seja: as propostas do grupo podem ser encaminhadas coletivamente, como apresentadas em campanha, mas a eleição cabe a um único integrante do time, que tem o seu nome na urna.
‘DESPESSOALIZAÇÃO’
Assim é o caso do AtivOz, cuja candidatura será encabeçada por Juliana Curvelo, que recentemente teve sua candidatura aprovada em convenção do PSol. Nascida e criada no Rochdale, bairro que tradicionalmente enfrenta problemas ocasionados pelas enchentes, Juliana vive a realidade de uma mulher e mãe que utiliza os equipamentos públicos do SUS e deseja escola pública de qualidade para suas filhas. “Sempre acreditei no trabalho coletivo, na participação popular e que temos o direito de ocupar os espaços colaborando ativamente na elaboração de políticas públicas”, resumiu Juliana. Ela ainda citou outros aspectos que deverão merecer atenção do grupo na cidade, como o desemprego, o abandono parental, a ausência de uma rede de proteção e apoio, a dificuldade para acessar os recursos do Sistema Único de Saúde e do Sistema Único de Assistência Social.
Além de Juliana, integram a equipe que se propõe ao mandato coletivo a educadora Angela Bigardi; a psicóloga feminista Deise Oliveira; o ator e escritor Higor Andrade; e o estudante Victor Luccas.
Com experiências e referências diversificadas, o grupo pretende dar voz à população – especialmente às mulheres, segmento LGBTQI+ e negros – e usar consenso para as decisões. “O mandato coletivo simboliza a despessoalização da política de gabinete, tira a ideia de que a política institucional é feita só por uma pessoa, traz à tona a necessidade de trabalhar de forma colaborativa e promover a participação popular”, reforçou a pré-candidata.