Mario Eugenio Saturno
Cientistas da Filipinas, Austrália e França divulgaram na revista Nature a descoberta de evidências de uma nova espécie de humana.Talvez um parente próximo. Essa nova espécie foi denominada Homo luzonensis, em homenagem à ilha de Lúzon, no norte das Filipinas, onde foi descoberta.
A escavação encontrou pedaços de um esqueleto, sete dentes, dois ossos das mãos, três ossos do pé e um osso da coxa. Os pesquisadores do Museu de História Natural de Paris acreditam que os ossos pertenciam a dois adultos e uma criança.
Um osso dos pés apresentou um aspecto inesperado, era curvo como do Australopithecus, que somente é encontrado na África e está datado de 2 a 3 milhões de anos atrás. Essa anatomia indica um estilo de vida misto, com capacidade de andar sobre duas pernas e também de subir em árvores.
Isso pode rever a teoria da evolução humana. Acreditava-se que a primeira espécie de hominídeo a sair da África seria o Homo erectus, há cerca de 2 milhões de anos. Todas as outras espécies fora do continente teriam descendido dele.
Os vestígios foram encontrados na caverna de Callao e foram datados de 50.000 a 67.000 anos atrás, mesma época em que o Homo sapiens e os Neandertais se espalharam por Europa e Ásia.
Apesar de acharem poucos ossos, mesmo assim é possível aprender muito com eles, como a aparência e o estilo de vida do Homo luzonensis. Os molares descobertos são extremamente pequenos em comparação com os de outros parentes humanos antigos. A forma do esmalte molar interno é semelhante à dos espécimes de H. sapiens e H. erectus encontrados na Ásia. O tamanho geral dos dentes, bem como a proporção entre o tamanho molar e o pré-molar, é distinto do de outros membros do gênero Homo. Os pequenos dentes sugerem que o hominídeo teria cerca de 1,2 metro de altura, o que o torna mais baixo do que o Homo floresiensis, apelidado de “hobbit”, outra espécie que foi encontrada no sudeste da Ásia, em Flores, em 2004.
A forma dos ossos do pé de H. luzonensis também é distinta. Eles se assemelham mais aos dos hominídeos primitivos do Australopithecus, incluindo o famoso fóssil Lucy. Curvas nos ossos dos dedos dos pés e no dedo de H. luzonensis sugerem que a espécie estaria adaptada para escalar árvores.
O Homo luzonensis, bem como o H. floresiensis, não possui características anatômicas que o liguem ao Homo erectus. Aparentemente, ele pode ser de dispersões anteriores da África e que teriam originado todo um novo ramo de hominídeos. Mas há cientistas quem acreditam que a nova espécie é descendente do H. erectus que, pela evolução, desenvolveram novas características anatômicas. Essa possibilidade afirma que alguns traços primitivos, como os pés curvos, reapareceram quando a espécie se isolou na ilha. Descobertas futuras poderão esclarecer essas dúvidas.
O Homo luzonensis viveu durante o Pleistoceno, isso despertou uma grande dúvida, como ele chegou à ilha de Luzon? A ilha nunca foi conectada ao continente por uma faixa de terra. Muito a descobrir, muito a pesquisar. Muito a investir, incluindo nosso país que tem os próprios sítios arqueológicos esperando.
Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.
Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Senior da Divisão de Sistemas Espaciais INPE/MCT – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais