Deise Dantas
A formação da sociedade latina é miscigenada e plural. Dentro deste “caldeirão” cultural há diversas faces, formas, cores que formam o povo latino. Trazendo a ideia para a mulher brasileira, ela mostra no Oiapoque as predominâncias de seus traços indígenas e no Chuí a herança das imigrações italianas, alemãs e russas que realçam seus grandes olhos claros.
Porém, a insistência de padronizar o que é belo traz a clausura para quem não se enquadra. A mulher gorda no Brasil sofre ataques diários, ora silenciosos através de olhares julgadores ou verbalizados como: Seu corpo é nojento! Está gorda por desleixo! Não sei como consegue andar!
As frases ditas são um pequeno recorte oriundo de violência gratuita, que calam a voz de quem não está esteticamente perfeita para nossa sociedade.
A jornalista Elisa Soupin em uma matéria publicada no site Uol em 6 julho de 2020 relata, dentro do contexto sexual, histórias de mulheres gordas que sofrem por terem seus corpos desejados, mas sua aparência sendo repudiada pelo parceiro ou parceira.
O questionamento a que este pensamento nos remete é ter a consciência que nossa sociedade é diversa e, mesmo assim, a busca pelo “padrão” está cada dia mais desenfreada. Fica inviável entrar em normas e regras importadas dos Estados Unidos ou Europa.
Para as mulheres brasileiras, deixar a marca do biquíni na pele é belo, mas para as mulheres japonesas este costume é visto como feio. A beleza está dentro do campo da subjetividade, algo individual e particular. Que o mundo possa entender e respeitar a variedade de nuances e formas, que o mundo possa respeitar a mulher como indivídua e cidadã. Que mulheres rompam com a bolha da beleza imposta e façam com que suas próprias ideias sejam as reais metas para a perfeição genuína.
Deise Dantas é formada em jornalismo e autointitulada “incansável caçadora de boas histórias”