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A democracia de muitos ‘democratas’

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Humberto Pinho da Silva

Certa vez, vendo na minha rede social, foto da Princesa Isabel, do Brasil, que tinha tanta bondade como feiura, resolvi comentar a fotografia, enviada por amigo. Escrevi, o seguinte: “Uma grande senhora! Digna da admiração de todos, principalmente dos brasileiros”.
Passados dias, ao consultar a rede social, deparei com alerta. Era de senhor desconhecido, que em termos reles dizia mais ou menos isso: “Só néscio é que elogiava tal figura”.
Agora coloco só: “gosto”. Os comentários – críticas e elogios rasgados – se os há, faço em recato.
Tio-avô, dizia meu pai – para evitar incômodos em época de revoluções, ao perguntarem-lhe nas barreiras de milícias: “Quem viva?” Respondia: “viva você e mais quem você quiser…”
Estratagema astuto, que lhe permitia circular pelas hostes rivais de militares e civis armados, sem ser preso.
Infelizmente, quem escreve e tem a ousadia de levar o texto a público, corre sério risco de ser enxovalhado, quando aborda tema: religioso, político ou até sobre educação. É o grave risco de quem pensa, raciocina e divulga ideias e opiniões que não se encontram na moda.
Mas, creio, que vale a pena arriscar…
É lamentável que em democracia ainda não se respeite a liberdade de expressão. Que cada qual não possa expor livremente o que pensa, sem ser insultado na praça pública. Estamos em época onde todos têm que seguir a vontade da maioria (ou será da minoria agressiva e atrevida?).
É que, para o vulgo: pensar, refletir, pesquisar, concluir, após aturado estudo, dá trabalho. Mais cômodo é dizer os que os fazedores de opinião ou líderes políticos querem.
Quem tiver ideias próprias, for divergente do que está na berra, é abafado pelos brados ou maltratado pelos energúmenos.
É a democracia de muitos “democratas”.

Humberto Pinho da Silva é responsável e editor do blogue luso-brasileiro “Paz”

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