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O paradigma do voto

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Mario Eugenio Saturno

Se cada cidadão vale um voto e a maioria dos cidadãos é pobre, por que os países democráticos como o nosso não são mais justos e mais equânimes nas oportunidades de emprego, educação, saúde, moradia, alimentação, etc?
A resposta parece óbvia como já disse nosso mais famoso jogador: o brasileiro não sabe votar? Nem mesmo 50 anos depois que ele disse isso? Não parece ser isso, mas sim que os políticos mentem muito e muito bem. Santos de pau oco que semeiam discórdia entre amigos e familiares.
Esse é o paradigma do voto: como vencer a mentira e, depois, eleger prioridades. Descobrir os políticos mentirosos parece ser uma tarefa mais simples, temos os jornais sérios para fazer esse trabalho. Já é um mau sinal quando um político fala mal de grandes jornais e mesmo dos regionais como este em que você lê este artigo, afinal um jornal sobrevive de contar bem as notícias, veraz e com precisão. Adjetivar jornalistas ou cidadãos que estejam denunciando também é uma forma de mentira, ou seja, chamar um jornalista de comunista, não o torna comunista e muito menos incompetente como jornalista.
Aliás, atribuir ideologia a alguém é outra mentira. No Brasil não existe ideologia, são raros os políticos que podem ser classificados como liberal, conservador, socialista, comunista et cetera. Basta ver as mudanças de partido que os políticos fazem, e fazem-nas por interesse próprio e não por ideologia. Desconfie de políticos que mudam de partido muitas vezes!
Desconfie ainda mais dos que falam em Deus o tempo todo, pois tomam o seu Nome em vão, principalmente aqueles que pedem propina e ouro, colocam suas imagens em bíblias, usam armas e atiram em cidadãos por imperícia. E de pregadores que ficam ricos, são apóstolos do diabo e um crente não deveria votar neles.
Ao conversar com os fanáticos, encontramos a maior das mentiras: dizem não ter como mudar o sistema… Retirar os políticos que estão no poder fará o país piorar ainda mais… Os outros ladrões são mais organizados… Não, meus amigos de luta, despejar quem esteja no poder fazendo coisas ruins é sempre um bom recado a ser dado. Mas, já deu, né? No primeiro turno, votemos em um bom candidato.
Aliás, escolher bons senadores e deputados é tão importante quanto escolher um bom presidente, afinal, se este for ruim para a pátria, aqueles têm que ter coragem e competência para impedi-lo.
E não basta que o candidato seja bom, é preciso que ele seja viável. Os partidos transbordam de cidadãos bem intencionados que se tornam candidatos, caíram na maior mentira dos caciques partidários: você tem potencial! Não! Você ganhará os votos que seus amigos e parentes não dariam aos principais candidatos do seu partido, mas seus votos serão para isso mesmo, eleger os picaretas de sempre!
É preciso ainda entender que educação, saúde, emprego, etc não são objetivos primários, mas derivados, do quê? Do desenvolvimento tecnológico aplicado na produção agrícola e industrial e nos serviços e da água. Da água provém a vida e o sucesso agroindustrial. Quem destrói a floresta que protege a água é o primeiro que deve ser banido da vida pública.

Mario Eugenio Saturno é tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano

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