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Aprender? É só querer!

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José Renato Nalini

Há expressões muito repetidas que se entranham em nosso intelecto e passam a representar verdades absolutas. Uma delas é “querer é poder”. Um pouco mais de reflexão mostrará que, às vezes, a vontade é insuficiente para produzir os resultados pretendidos.
Mas quando se cuida de um saudável autodidatismo, esse lema é válido. Pense-se no contexto: o Brasil é um país de iletrados. Ainda existe um contingente considerável de analfabetos. Não estão sozinhos. Há milhões de analfabetos funcionais. Aqueles que conseguem soletrar palavras, podem repeti-las em tatibitate, balbuciando, mas não têm noção do que reproduzem.
Muitos outros não conseguem exprimir com as próprias palavras a mensagem contida num texto. Não têm vocabulário. A leitura mecânica de nada serviu.
O segredo para quem quer entender e transmitir uma ideia a outrem, é ler bastante. Leitura como prazer, como fruição de uma das mais prazerosas ocupações propiciadas a um ser humano. Penetrar em consciências alheias. Percorrer itinerários que nunca serão trilhados pelo leitor, mas que estão aí, abertos ao percurso, desde que se queira trilhá-lo.
Só quem lê continuamente poderá escrever. E escrever é a salvação para quem se sente perplexo diante da realidade. Anotar memórias, recordações de família, fatos da infância. Sensações, impressões, sentimentos. Tudo merece registro. A escrita é curativa. Ela cicatriza ferimentos. Atenua as dores. Propõe à mente um passeio diferente. Não remoer ressentimentos, nem mágoas. Ingressar em outras veredas.
Não quer comprar livros? Não tem dinheiro para isso? Há milhares de livros que caíram no domínio público e estão disponíveis na internet. Não tem acesso? Não tem celular? Você está num país que tem trezentos milhões de mobiles, ou seja, muitos brasileiros possuem várias dessas bugigangas eletrônicas que nos permitem comunicação instantânea com todo o planeta.
Se pegar gosto, poderá fazer cursos gratuitos em universidades brasileiras e naquelas consideradas “top de linha” como Harvard, nos Estados Unidos. O saber está a chamar as pessoas com vontade. O mundo web é muito mais importante e interessante do que veicular piadinhas, críticas aos que nos desagradam e para estimular os maus instintos que acompanham a humanidade, desde que ela existe. Mergulhe na magia das palavras!

José Renato Nalini é reitor universitário, docente de pós-graduação e presidente da Academia Paulista de Letras

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