O resultado final das urnas, na disputa ao governo do Estado de São Paulo, praticamente repetiu em 2º turno o que já havia acontecido no 1º turno do pleito, em 2 de outubro. Na verdade, repetiu a vitória obtida naquele momento pelo então candidato e agora governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos), porém ainda com algum ganho em relação ao seu principal oponente, o petista Fernando Haddad.
No 1º turno, em uma campanha que dividiu os votos entre 10 candidatos, Tarcísio ficou na frente com 42,32% dos votos válidos (9.881.995 votos) contra Fernando Haddad, que obteve 35,70% dos válidos (8.337.139 votos); uma diferença percentual de 6,62% entre ambos. Já na contagem dos votos do último domingo, 30 de outubro, Tarcísio ampliou sua vantagem, mantendo-se na primeira colocação com 55,27% dos votos válidos (13.480.643 votos) contra 44,73% de Fernando Haddad (10.909.371 votos). Uma diferença de 10,54% entre os dois.
A simples corrida de 2º turno – com Tarcísio e Haddad – já era uma escolha de mudança radical concretizada ainda em 1º turno pelo eleitorado paulista, que se acostumou a ver o revezamento de governadores do PSDB nos últimos 28 anos, desde que Mário Covas foi eleito governador pela primeira vez, em 1994. Por isso, a eleição de Tarcísio de Freitas representa não apenas um novo nome no cenário estadual, mas também – e principalmente – uma guinada nos princípios governamentais adotados em todo esse período.
‘ESPELHO’ DA ELEIÇÃO NACIONAL
Se, durante a campanha, Tarcísio de Freitas teve a oportunidade de expor suas ideias e compromissos para a administração do Estado, ele também se apoiou na imagem do presidente Jair Bolsonaro (PL), que já havia vencido o pleito em 1º turno em São Paulo. O próprio governador eleito reconhece isso e, já no dia seguinte à eleição, repetia que terá “dívida eterna de gratidão” com o atual presidente da República, que o lançou e o apoiou durante toda a empreitada.
O resultado desse apoio pode se perceber nos números finais das duas candidaturas, dentro de São Paulo: Tarcísio obteve 55,27% dos votos válidos, enquanto Bolsonaro ficou com 55,24%, números absolutamente próximos; enquanto o candidato petista Fernando Haddad ficou com 44,73% e seu líder nacional, Lula, obteve 44,76%.
Em suas redes sociais, após a vitória em 30 de outubro, Tarcísio escreveu: “Foram 13.480.643 de paulistas que escolheram o caminho do desenvolvimento, da renovação, da justiça social. 13.480.643 de paulistas que deram um voto de confiança ao nosso projeto, e que nos deram a responsabilidade de governar para os mais de 46 milhões de brasileiros que vivem aqui. E por essa conquista tão importante, eu serei sempre grato ao presidente Bolsonaro, que é quem apostou em mim como ministro e a quem devo muito sobre ter chegado até aqui. O nosso compromisso agora é representar esta nação chamada São Paulo, e defender nossos interesses e ideais. São Paulo pode mais, e é isso que a gente quer! Muito obrigado!”.
NAS CIDADES
A divisão de votos entre os municípios paulistas também registrou ampla vantagem de Tarcísio em relação a Haddad e de maior crescimento de um turno para o outro em favor do governador eleito. Enquanto o petista manteve sua forte atuação na Capital e parte da Região Metropolitana de São Paulo, a liderança de Tarcísio se mostrou forte pelo Interior e também outras regiões do Estado. No 1º turno, por exemplo, Tarcísio saiu-se vitorioso em 500 cidades, Fernando Haddad em 91, Rodrigo Garcia (PSDB) em 52 e Elvis Cezar (PDT) em outras 2 cidades. Já neste 2º turno, Tarcísio ampliou sua vantagem para a vitória em 566 municípios contra apenas 79 de Haddad. Ou seja: em pelo menos 12 cidades do Estado, o petista sequer conseguiu repetir a vitória do 1º turno.
NA REGIÃO OESTE
O Estado de São Paulo detém atualmente o maior colégio eleitoral do país, com mais de 34,6 milhões de eleitores. Parte significativa desses votos, cerca de 4,4% (1,5 milhão) estão concentrados em sete municípios da região Oeste da Grande São Paulo por onde circula este jornal Página Zero (Osasco, Carapicuíba, Barueri, Jandira, Itapevi, Santana de Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus).
Nessa região, manteve-se a hegemonia petista, com vitória geral de Fernando Haddad, porém assim como ocorreu em todo o Estado, com perda significativa de votos, diminuindo consideravelmente essa vantagem em relação ao adversário. Ou seja: no 1º turno, Haddad ficou com 396.585 votos, sendo 38,11% dos votos válidos, enquanto Tarcísio ficara com 324.589, sendo 32,92% dos votos válidos. Ali se apontava uma diferença de 5,19% em favor do petista.
Já neste 2º turno, Haddad voltou a vencer, mas com um margem bem menor: somou 545.685 votos, sendo 50,52% dos votos válidos; enquanto Tarcísio ficou com 534.409 votos, sendo 49,48% dos válidos. Ou seja, uma diferença de apenas 1,04 ponto percentual (ver quadros).
Santana de Parnaíba, que havia dado vitória ao candidato Elvis Cezar, foi uma das duas cidades da região onde Tarcísio obteve vitória frente a Haddad e também onde se registrou a maior diferença percentual entre ambos: 11,58% em favor do governador eleito. A outra cidade onde ele venceu foi Barueri. Nos outros cinco municípios (Osasco, Carapicuíba, Jandira, Itapevi e Pirapora) a vitória foi de Fernando Haddad e sua maior margem em relação ao oponente ocorreu em Itapevi, com vantagem de 10,22% sobre Tarcísio (ver quadros).
Governadores eleitos em todo o país
Estado Eleito Partido
Acre (AC) Gladson Cameli PP
Alagoas (AL) Paulo Dantas MDB
Amapá (AP) Clécio SD
Amazonas (AM) Wilson Lima União
Bahia (BA) Jerônimo PT
Ceará (CE) Elmano de Freitas PT
Distrito Federal (DF) Ibaneis Rocha MDB
Espírito Santo (ES) Renato Casagrande PSB
Goiás (GO) Ronaldo Caiado União
Maranhão (MA) Carlos Brandão PSB
Mato Grosso (MT) Mauro Mendes União
Mato Grosso do Sul (MS) Eduardo Riedel PSDB
Minas Gerais Zema Novo
Pará (PA) Helder MDB
Paraíba (PB) João PSB
Paraná (PR) Carlos Massa Ratinho Júnior PSD
Pernambuco (PE) Raquel Lyra PSDB
Piauí (PI) Rafael Fonteles PT
Rio de Janeiro (RJ) Cláudio Castro PL
Rio Grande do Norte (RN) Fátima Bezerra PT
Rio Grande do Sul (RS) Eduardo Leite PSDB
Rondônia (RO) Coronel Marcos Rocha União
Roraima (RR) Antônio Denarium PP
Santa Catarina (SC) Jorginho Mello PL
São Paulo (SP) Tarcísio Repu
Sergipe (SE) Fábio PSD
Tocantins (TO) Wanderlei Barbosa Repu
Partidos: União (4), PT (4), MDB (3), PSB (3), PSDB (3), PP (2), PL (2),
PSD (2), Repu (2), Novo (1) e SD (1).