A chegada do ano novo marcou também para que fossem formalizadas as posses dos chefes dos poderes executivos eleitos no último mês de outubro de 2022. Assim, no dia 1º de janeiro, o novo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os novos governadores eleitos nas 27 unidades da Federação, assumiram oficialmente seus novos postos.
Naturalmente, a posse mais chamativa foi a do presidente Lula, que assume o posto de presidente pela terceira vez, já que ocupou o mesmo cargo entre 2003 e 2005 (1º mandato) e novamente entre 2006 e 2010 (reeleito para o 2º mandato). Muito se especulava, principalmente entre os adeptos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que a posse poderia não ocorrer, pela insistência na tese de que houve fraudes no processo eleitoral. O próprio ex-presidente Bolsonaro saiu do país às vésperas da posse, adiantando que não participaria da cerimônia, tampouco da passagem da faixa presidencial ao petista eleito.
E assim ocorreu a cerimônia, com Lua inicialmente fazendo seu discurso de posse no Congresso Nacional e, depois, no parlatório do Palácio do Planalto, para a população em geral. Como novidade, para a transmissão da faixa presidencial, a equipe de cerimonial transferiu a tarefa para oito pessoas escolhidas a dedo e que mantêm algum grau de representatividade da diversidade da população brasileira. Entre os escolhidos estavam o cacique Raoni Metuktire, de 90 anos, ativista da causa indígena; o garoto Francisco Carlos do Nascimento e Silva, de 10 anos, que esteve na vigília para o petista em Curitiba; Weslley Viesba Rocha, 36 anos, DJ e metalúrgico; Murilo de Quadros, 28 anos, professor; Jucimara Fausto dos Santos, cozinheira que participou das vigílias em Curitiba; Ivan Baron, jovem ativista na luta anticapacitista (em defesa de pessoas com alguma deficiência e sua inclusão na sociedade); Flávio Pereira, 50 anos, artesão paranaense; e Aline Souza, 33 anos, presidente da Rede Central das Cooperativas de Trabalho de Catadores de Material Reciclável do Distrito Federal, que finalmente vestiu a faixa no novo presidente.
Em parte de seu discurso, Lula expressou sua gratidão pela oportunidade de um novo mandato e repetiu a necessidade de se governar para todo o país e não somente para seus eleitores: “Minha gratidão a vocês que enfrentaram a violência política antes, durante e depois da campanha eleitoral. Que ocuparam as redes sociais, e que tomaram as ruas, debaixo de sol e chuva, nem que fosse para conquistar um único e precioso voto. Que tiveram a coragem de vestir a nossa camisa e, ao mesmo tempo, agitar a bandeira do Brasil — quando uma minoria violenta e antidemocrática tentava censurar nossas cores e se apropriar do verde-amarelo, que pertence a todo o povo brasileiro. A vocês, que vieram de todos os cantos deste país — de perto ou de muito longe, de avião, de ônibus, de carro ou na boleia de caminhão. De moto, bicicleta e até mesmo a pé, numa verdadeira caravana da esperança, para esta festa da democracia.
Mas quero me dirigir também aos que optaram por outros candidatos. Vou governar para os 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para quem votou em mim”, reforçou.
No parlatório, e durante quase toda a cerimônia de posse, Lula esteve acompanhado de sua esposa Rosângela Lula da Silva, a Janja; do vice-presidente também empossado Geraldo Alckmin (PSB) e sua esposa Maria Lúcia, a Lu Alckmin.
TARCÍSIO ASSUME SP
No mesmo dia 1º de janeiro da posse do presidente Lula, em Brasília, também os governadores dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal também foram empossados em seus novos postos. Normalmente, já no âmbito estadual, os processo é semelhante ao do governo federal, com cada um deles sendo empossado na respectiva Assembleia Legislativa de seu estado e, posteriormente, recebendo o cargo do ex-governador, caso, naturalmente, não tenha havido uma eleição.
Assim ocorreu no Estado de São Paulo, com a posse do novo governador Tarcisio de Freitas (Republicanos) e seu vice-governador Felício Ramuth (PSD). Ao lado de sua esposa Cristina, o novo governador Tarcisio de Freitas recebeu o cargo, no Palácio dos Bandeirantes, do ex-governador Rodrigo Garcia (PSDB), que lhe entregou um pavilhão (bandeira) do Estado de São Paulo.
Em seu primeiro pronunciamento, o novo governador citou suas prioridades e defendeu a ampliação dos programas sociais e dos investimentos em obras de infraestrutura. “Hoje é um dia especial, pois marca o início de uma caminhada. Pelos próximos quatro anos, o time que hoje assume fará o máximo para vencer os imensos desafios que nos são impostos. A reponsabilidade de governar um Estado como São Paulo, que se fosse um país, seria a 21ª economia do mundo, 3ª da América Latina, é enorme, só não é maior do que a motivação de fazer a diferença. Apesar da pujança, temos um Estado desigual e a atenção às demandas populares deve ser o grande direcionador da ação do Estado”, disse Tarcísio de Freitas.
Tanto Tarcisio de Freitas como os demais governadores, e também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprem o mandato iniciado em 1º de janeiro, até o final de dezembro de 2027. Para a posse ao final do mandato deve ocorrer uma mudança já prevista em Emenda Constitucional: o próximo presidente não mais assumirá no dia 1º de janeiro e, sim, no dia 2; enquanto os governadores devem assumir no dia 6 de janeiro de 2027.
Para este ano ainda faltam as posses dos deputados federais e senadores eleitos em outubro do ano passado, cuja cerimônia deve ocorrer em 1º de fevereiro. Já os novos deputados estaduais paulistas assumem somente em 15 de março.
Na Assembleia Legislativa de São Paulo também há uma mudança aprovada para que, em 2027, os novos deputados assumam seus cargos em 1º de fevereiro, assim como ocorre nos demais estados brasileiros.