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Defesa climática já!

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José Renato Nalini

Episódios evitáveis ocorrerão com frequência maior, tal o estágio de comprometimento do clima que resulta dos maus-tratos à natureza. Haverá chuvas fortes intempestivas e consequentes inundações. As moradias em lugar impróprio, seja em áreas ambientalmente vedadas, seja em inclinações vulneráveis, serão as mais atingidas. Como sempre, é o mais pobre que mais sofrerá.
É obrigação do município cuidar de seus munícipes. Sabe-se que nem sempre funciona a prevenção. O melhor seria não permitir que áreas inadequadas se tornassem lugar de residências quase sempre toscas, onde não há possibilidade de vida decente. Isso vulnera o princípio da dignidade da pessoa humana, norteador de todo o ordenamento desse nosso Estado de direito de índole democrática.
Um cuidado permanente deveria ser o replantio do verde exterminado. O Brasil precisa de um bilhão de árvores em reposição e o planeta carece de um trilhão delas. Não há cidade que possa se orgulhar de um excesso de cobertura vegetal. Árvore é o fator mais importante para o combate ao aquecimento global.
Os municípios precisam ter um plano de ação para a hipótese de infaustos que causem vítimas, sejam fatais, sejam aquelas obrigadas a se abrigarem transitoriamente, em virtude de terem suas casas impactadas por fenômenos climáticos. Um Gabinete de Crise funciona e não precisa ser sofisticado. Precisa contar com equipe que vistorie os lugares mais frágeis, aqueles sujeitos à potencialidade mais do que provável de uma tragédia resultante de inundação, de deslizamento, de rompimento de barreiras, de desmoronamento ou qualquer outro fato previsível e perfeitamente evitável.
Um sistema local de avisos meteorológicos é viável para qualquer município e hoje as previsões são confiáveis, ao contrário do que acontecia anos atrás. É fazer com que em cada cidade haja um Comitê eficiente de Defesa Civil, chamado a atuar permanentemente, na prevenção e na assistência efetiva, depois que algo de ruim acontecer. Esse Comitê pode também oficiar na disseminação de uma consciência de voluntariado, para que a própria sociedade civil colabore na missão de evitar infortúnios e de minorar as consequências deles, quando inevitáveis.
O munícipe tem o dever de exigir isso aos seus representantes. É legítima essa pretensão e obrigação do governo local atendê-la.

José Renato Nalini é reitor universitário, docente de pós-graduação presidente da Academia Paulista de Letras

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