Mesmo que a escolha de possíveis candidatos a cargos públicos na eleição de outubro deste ano ainda sejam consideradas pré-candidaturas, pois oficialmente elas só serão formalizadas após as convenções partidárias de julho e agosto, quase todo o eleitorado já tem ciência do cenário que o aguarda para o período da campanha formalizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
É assim, por exemplo, em todas as cidades da região Oeste, onde cada um dos prefeitos já manifestou-se com certa antecedência sobre seus candidatos de preferência, notadamente àqueles que pretendem sejam seus sucessores. Assim acontece em Osasco, com Rogério Lins apoiando Gerson Pessoa (ambos do Podemos); em Barueri, com Furlan (PSB) apoiando Beto Piteri (Republicanos); em Itapevi, com Igor (Podemos) apoiando Teco (PSD); em Santana de Parnaíba, com Marcos Tonho (PSDB) apoiando Elvis (Republicanos) e em Pirapora do Bom Jesus, com Dany Floresti apoiando Gregorio Maglio (ambos do PSD).
Quem ficou para o final, nessa lista toda, foi o prefeito de Carapicuíba, Marcos Neves (PSD) que, por questões estratégicas ou outras que não manifestou, acabou divulgando somente na quinta-feira da semana passada, dia 18 de abril, quem irá apoiar para sua sucessão, já que, estando no segundo mandato consecutivo, ele próprio não poderá se candidatar.
A demora para tal definição permitiu, naturalmente, que especulações fossem sendo criadas e crescentes em relação a possíveis nomes que estariam no topo dessa lista, sendo dois deles muito citados nos últimos meses: o da atual prefeita Gilmara Gonçalves (PSB), que ocupa o segundo posto no Executivo da cidade nos dois mandatos de Marços Neves; e do vereador Guto José (Podemos), que esteve no comando do Legislativo recentemente e segue fielmente os passos do atual prefeito.
SURPRESA
Mas o anúncio de Marcos Neves, na semana passada, acabou surpreendendo muita gente e, pelo que consta, até mesmo os dois citados Gilmara e Guto; além de outras personalidades do primeiro escalão da política carapicuibana.
O indicado pelo atual prefeito é o professor José Roberto da Silva, que foi vereador entre os anos de 2005 e 2008 (quando Marcos Neves também foi vereador) e, mais recentemente, ocupou o posto de secretário de Obras e Serviços Municipais da atual administração municipal.
O anúncio de tal escolha aconteceu na Expo Oeste, na presença de centenas de pessoas, entre deputados federais e estaduais, vereadores e diversas lideranças políticas da cidade e região.
Em seu discurso, o prefeito Marcos Neves ressaltou a importância de Carapicuíba seguir com o atual modelo de gestão. “Nossa cidade avançou muito nos últimos anos, com obras e projetos sociais que mudaram a vida das pessoas. Esse trabalho de desenvolvimento precisa continuar”, afirmou o atual prefeito.
Morador da Cohab há mais de 30 anos, José Roberto, além de professor, é técnico em edificações. “Marcos Neves é o melhor prefeito que Carapicuíba já teve e fez uma verdadeira revolução na nossa cidade. Assumo o compromisso de seguir os passos dele e continuar com os avanços em prol da nossa população”, declarou indicado.
Análise
A escolha surpreendente de Marcos Neves por alguém que estava “fora” da lista de “candidatáveis” deixa claro que o atual prefeito optou pela receita seguida e ensinada por tantos outros chefes do Executivo da região, alguns deles muito recentemente, de que é melhor insistir numa candidatura praticamente desconhecida, sobre alguém que se possa confiar plenamente que, daqui a quatro anos, esse eventual prefeito acabará cedendo seu espaço e até a possibilidade de tentar uma reeleição em favor do líder político que hoje o apoia, no caso o próprio prefeito Marcos Neves.
Em resumo: se Neves apoiasse e visse a vitória da vice-prefeita Gilmara Gonçalves ou do vereador Guto José, pela liderança que eles já exercem politicamente na cidade, teria dificuldades em convencê-los a desistir de uma eventual reeleição, lá em 2028.
Marcos Neves desfruta atualmente de uma aprovação popular aos seus dois mandatos que lhe permite tal risco. Afinal, só para relembrar casos bem recentes, assim aconteceu com Furlan quando apoiou Bel ou Gil Arantes (em Barueri); com Silvinho Pecioli apoiando Benedito Fernandes (Santana de Parnaíba); Celso Giglio apoiando Silas Bortolosso (Osasco); ou mesmo Elvis Cezar apoiando Marcos Tonho (Santana de Parnaíba).
Portanto, a tarefa de Marcos Neves em apresentar José Roberto à sociedade e fazê-lo crescer durante a campanha só encontrará percalços se sua administração “desandar” nesses últimos meses, o que é improvável; ou se as candidaturas de oposição encontrarem espaços nesse “vazio” de conhecimento que a população pode sentir sobre seu candidato.
Por enquanto, quem tem se apresentado como candidato de oposição a tais pretensões é o petista Sergio Ribeiro, que já foi prefeito da cidade por dois mandatos consecutivos, entre 2009 e 2016.
