Sem planejamento adequado, Itapevi suspende retomada de aulas presenciais anteriormente programadas para a próxima semana
Na sexta-feira, dia 7/5, o jornal Página Zero circulou sua edição semanal (ed. No. 1493) com a informação divulgada pela Prefeitura de Itapevi dias antes que as aulas presenciais na cidade seriam retomadas já nesta segunda-feira, dia 10. Segundo a administração municipal, a Secretaria de Educação já tinha tudo preparado para que as 68 escolas da rede municipal (com 5330 salas) pudessem começar a receber os cerca de 28 mil alunos.
Na mesma sexta-feira à tarde, no entanto, a Prefeitura emitiu divulgação à imprensa de que a retomada das aulas está suspensa de forma temporária e por tempo indeterminado.
De acordo com a administração, essa teria sido a escolha da população em sua maioria, que optou em não ser favorável à retomada das aulas presenciais durante a pandemia da Covid-19. Ainda segundo a Prefeitura, essa constatação teria sido apurada em consulta pública realizada em seu site, entre os dias 6 e 7 de maio, ou seja, na véspera do retorno programado. Além disso, quando divulgou a retomada das aulas no dia 10 – em decisão aparentemente já definitiva – na Prefeitura não chegou a divulgar essa “pesquisa” que estaria sendo feita com a população.
EXEMPLO NÃO SEGUIDO
Números divulgados pela administração apontam que os pais e responsáveis decidiram por 3.433 votos (62,9%) a favor da não retomada, contra 2.019 (37,1%) votos que optaram pelo retorno, totalizando 5.452 votos. Entre os profissionais de educação, o resultado foi o mesmo, com 2.025 respostas computadas no sistema. Dentre elas, 1.690 pessoas (83,5%) assinalaram ser contrárias ao retorno das aulas presenciais, enquanto apenas 335 (16,5%) mostraram-se favoráveis, mesmo diante da adoção de todos os protocolos sanitários adotados pela administração municipal em meio à pandemia para garantir a retomada de forma segura.
Ficam mantidas apenas as aulas em caráter remoto e on-line e continuam a valer as vídeo-aulas do programa Lição de Casa.
“A decisão popular deve ser sempre respeitada e ouvida com carinho e atenção pelo gestor público. Existe uma parcela da população que deseja o retorno das aulas presenciais, mas deve prevalecer sempre a democracia, o direito e o bem-estar coletivos e disso não abro mão. Como a maioria optou e acredita que ainda não é o momento adequado para darmos o reinício, suspenderemos o retorno com alunos nas salas de aula da rede municipal”, explica o prefeito de Itapevi, Igor Soares (Pode).
Igor e sua equipe de Educação não explicaram, no entanto, as razões que os levaram a “decretar” a retomada das aulas no dia 10, se dependiam ainda do resultado de uma consulta popular.
O prefeito de Itapevi também não atentou para o que vem acontecendo na sua própria vizinhança, o que poderia lhe servir como exemplo: há algumas semanas, em Barueri, ocorreu situação semelhante: o prefeito de Barueri, Rubens Furlan (PSDB), chegou a divulgar uma data para retomada das aulas presenciais, mas uma pesquisa pela internet acabou revelando a negativa de pais e professores com a medida. Furlan acatou a opinião da comunidade e promoveu o adiamento da data. Ou seja: o prefeito de Itapevi, Igor Soares, desatento com a realidade, optou em tomar uma decisão para, em seguida, ser obrigado a desfazê-la.