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‘Doenças silenciosas’, um sério problema de saúde que se agravou com a pandemia

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Ataide Teruel

Certamente você já ouviu alguma história de alguém que estava aparentemente bem de saúde e, sem esperar, foi diagnosticado com uma doença grave. Isso é mais comum do que se imagina e acontece porque nem toda enfermidade apresenta sinais claros. Muitos problemas de saúde só são descobertos após anos incubados nas pessoas, dificultando o diagnóstico e, consequentemente, o tratamento. São as chamadas “doenças silenciosas”, que podem ser fulminantes se não forem diagnosticadas e tratadas a tempo. Os sintomas demoram a aparecer e, quando surgem, o problema já apresenta complicações. A melhor forma é a prevenção através de exames médicos regulares.
Segundo dados do Datasus, por causa da pandemia as pessoas deixaram de comparecer às consultas, abrindo espaço para a evolução das “doenças silenciosas”. Durante o primeiro ano da pandemia o número de internações no SUS caiu 16% (sem considerar doenças infectocontagiosas) e o de consultas com especialistas, 25%. De abril a maio de 2020, essa queda chegou a 30% nas internações e a 64% nas consultas, na comparação com o mesmo período dos anos anteriores. E o número de consultas de atenção básica, que é a primeira consulta do paciente para dar entrada no SUS, teve queda de 49%.
Especialistas atribuem esse recuo nas internações, entre outros fatores, a pessoas que adiaram a ida aos médicos, clínicas e laboratórios por medo do contágio pelo coronavírus e às reduções aos acessos aos serviços de saúde desde o início da pandemia. Com isso, tivemos o cenário ideal para o avanço das “doenças silenciosas” que, desconhecidas dos pacientes, crescem no organismo humano evoluindo progressivamente até levar as pessoas para a morte.
As doenças renais crônicas estão entre as “doenças silenciosas” menos conhecidas e as que mais crescem no Brasil em consequência do envelhecimento da população e fatores de risco como a obesidade, diabetes e hipertensão. Estima-se que 10 milhões de brasileiros sofrem de disfunção renal, dos quais 134 mil fazem hemodiálise, sendo 32 mil somente no Estado de SP. Estimativas da Aliança Brasileira de Apoio à Saúde Renal (Abrasrenal) apontam que antes da pandemia havia cerca de 2.000 pacientes renais aguardando vaga para tratamento de hemodiálise. Esse número pode ser ainda maior, pois devemos considerar o subdiagnóstico da doença, que atinge milhares de brasileiros que chegam a falecer em consequência de problemas renais que somente são descobertos após suas mortes.
Um simples exame de sangue com dosagem de creatinina pode indicar se os rins estão falhando e em que estágio da doença renal o indivíduo está, alertando as pessoas para tomarem os cuidados necessários antes do agravamento da doença. Segundo a Abrasrenal, “se as pessoas não fazem checkup, principalmente aquelas de maior risco que são os diabéticos, os hipertensos, os idosos e os que têm história familiar de doença renal, elas nem ficam sabendo que estão doentes. E a doença renal não costuma dar muitos sinais, principalmente nos estágios mais precoces, onde seria possível evitar a progressão para o tratamento por hemodiálise e, muitas vezes, para aguardar na fila de transplantes”.
Como parlamentar, a área de saúde é uma das minhas prioridades e, no caso específico das doenças renais, batalhei para que a cobrança do ICMS fosse revogada em São Paulo para os produtos e insumos da hemodiálise. Felizmente tivemos sucesso, pois, a persistir a cobrança desse tributo, o tratamento ficaria comprometido com risco de desassistência aos pacientes, pois seria mais um aumento de custos para as clínicas que já estão com o valor da Tabela SUS sem reajuste há anos.
Nesses dois primeiros anos de mandato, visitei inúmeros hospitais públicos e beneficentes, como as Santas Casas; tenho participado ativamente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa e destinei 41% do total de recursos de emendas para a área de saúde, sendo parte deles para compra e custeio de equipamentos destinados aos tratamentos renais. Nessas visitas, encontros e reuniões, confirmei o que médicos e especialistas afirmam e aconselham: a atenção e a prevenção são os remédios ideais para identificar antecipadamente as “doenças silenciosas” que, com o diagnóstico precoce e tratamento correto, podem salvar as vidas de milhares de brasileiros.

Ataide Teruel é deputado estadual em São Paulo, pelo Podemos

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