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O rei do Brasil (e do mundo)

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Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

Emocionados, assistimos aos funerais de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, que todos nós conhecemos e aprendemos a admirar desde 1958 quando, sob restrição médica por contusão, quase foi cortado da seleção mas, permanecendo, fez a diferença e os gols que nos garantiram a primeira Copa do Mundo, na Suécia. Aos 11 anos de idade, morando em Bauru – onde Pelé aprendeu a jogar futebol – tive a oportunidade de assistir a homenagem que o então prefeito da cidade, Nicola Avallone Júnior, fez ao craque, presenteando-o com uma Romi-Isetta, o primeiro veículo de passeio montado no Brasil. Pelé desfilou pela cidade e o veículo ali ficou, sendo usado pelo seu pai. Ele mesmo ainda não podia dirigir, pois estava com 17 anos.
Desnecessário dizer da maestria e da trajetória futebolística do então nascente ídolo. Sua atuação no Santos FC, numa das épocas mais marcantes do clube no cenário nacional e até internacional e na seleção brasileira, foi ímpar. O seu trabalho o levou ao reconhecimento e à dignidade de rei do esporte que desde cedo encarnou. Soube desenvolver suas habilidades e com ela agregar valor e destaque ao futebol brasileiro e mundial, tanto que, ao encerrar sua carreira, no Santos, foi para os Estados Unidos, onde permaneceu por três anos no New York Cosmos, mostrando aos norte-americanos o que é e como se joga o futebol. Talvez, por esse seu trabalho – que também teve a participação de outros craques de destaque – aquele país veio a se interessar pelo esporte e até em sediar a Copa do Mundo.
Depois de cumprida a sua missão nos gramados, Pelé ainda foi ministro dos Esportes e continuou trabalhando pela melhoria das condições de trabalho aos seus profissionais. É respeitado pelas novas gerações que reconhecem como resultado de suas ações as condições favoráveis hoje desfrutada pelos clubes, jogadores e demais integrantes do esporte. Mesmo não jogando (profissionalmente), continuou dentro do Santos e fez questão que, no final, seu corpo fosse velado no gramado onde emergiu para o seu reinado.
Mais de 200 mil torcedores – com camisas de todos os clubes brasileiros e até estrangeiros – passaram pelo velório, dando mostras que Pelé não era só santista, mas universal. Gianni Infantino, presidente da Fifa (Federação Internacional de Futebol) fez questão de vir a Santos para a última despedida e declarou que a entidade incentivará que o máximo de localidades ao redor do mundo tenham estádios e canchas esportivas com o nome de Pelé. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes anuncia um ginásio de esportes e a denominação de Pelé ao programa de incentivo à pratica do futebol e formação de novos jogadores. No Rio de Janeiro, a via em torno do estádio do Maracanã receberá seu nome; em Bauru, denominará um complexo esportivo em construção, e o mesmo correrá em muitas outras localidades. O governador Tarcísio Gomes de Freitas e o presidente Lula, que tomaram posse no domingo, também foram ao velório, mais uma prova da importância do extinto.
Nós, que gostamos de futebol e acompanhamos a trajetória de Pelé, estamos impactados pelo seu desaparecimento. Somos de opinião que quem concluiu sua existência terrena foi Edson, porque Pelé é eterno. Oxalá, governos, clubes e entidades do futebol trabalhem para que os exemplos positivos do nosso rei, além de reconhecidos, possam motivar e ensejar a volta do Brasil ao topo da produção futebolística. Com os esforços de Pelé – que brilhou em três Copas e dos que, ao seu lado e depois dele nos permitiram totalizar cinco títulos mundiais, temos essa marca ainda não alcançada por nenhum dos países que praticam o esporte.
Que Pelé possa, mais uma vez, motivar e colocar o desporto nacional nos mais altos pódios. Até porque seus exemplos certamente serão aproveitados nos principais centros onde se pratica o futebol ao redor do planeta.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo (Aspomil)

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