O atual prefeito de Carapicuíba, Marcos Neves (PSD), foi um dos cinco da região que colocaram seus candidatos “debaixo do braço” e foram às ruas para garantir a sucessão tranquila do “trono” municipal. Os outros quatro estiveram em Osasco, Itapevi, Santana de Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus (ver matérias nesta edição).
Sem poder se candidatar à reeleição por já estar finalizando seu segundo mandato consecutivo como prefeito, Neves surpreendeu em abril deste ano ao anunciar o apoio ao ex-vereador e seu ex-secretário de Obras, José Roberto (também do PSD), praticamente um desconhecido dos primeiros escalões da política carapicuibana.
O atual prefeito teve a capacidade de segurar os ímpetos de um grupo que pretendia tal indicação, acomodou a todos e teve uma “viagem” tranquila em que não desgrudou um segundo sequer do candidato José Roberto.
Apoiado em boas avaliações de seus dois mandatos junto à população, há quem diga que se Marcos Neves apoiasse um poste, ele acabaria o elegendo. José Roberto não é um poste, terá sua chance de demonstrar autoridade administrativa, mas ganham de longe as apostas de que sua vitória somente serviu como plataforma para o retorno do próprio Marcos Neves daqui a quatro anos.
Aliás, não foi uma simples vitória: em termos percentuais, foi a mais representativa de toda a região, já que José Roberto venceu com 80,29% dos votos válidos (141.274 no total). Mas essa conta também tem lá seu lado reverso: apesar de toda a festa, com poucas opções de candidaturas, a população carapicuibana simplesmente não se interessou pela eleição de 6 de outubro. O único que poderia causar alguma preocupação, o petista e ex-prefeito Sergio Ribeiro, até agora anda com a possibilidade de anulação de seus votos por parte do TSE, teve essa notícia amplamente divulgada durante a campanha, e encerrou sua contagem com pífios 14,71% dos votos válidos. Os demais candidatos, cada um, não chegaram sequer a 2%.
Como comprovação de tais números, foi justamente em Carapicuíba onde se registrou o maior percentual de abstenção – ou seja, ausência de eleitores – com 30,01% deles. Também foi a cidade da região que registrou os maiores percentuais de votos brancos (7,63%) e votos nulos (8,60%). Ou seja: entre os ausentes e os que não se interessaram em votar em nenhum candidato, somam-se 124.110 eleitores carapicuibanos. Os demais votaram em José Roberto por causa do esforço de Marcos Neves e sua trupe.
Em suas redes sociais, José Roberto escreveu: “É com o coração cheio de gratidão que compartilho com vocês a alegria dessa grande vitória! A confiança de cada um de vocês é o que me motiva a seguir firme no compromisso de trabalhar incansavelmente por nossa Carapicuíba. Meu agradecimento especial ao nosso prefeito Marcos Neves e Gilmara Gonçalves, que foram um exemplo de liderança e dedicação, e ao meu vice, Guto José, pela confiança e parceria.
Carapicuíba continuará no caminho certo. Muito obrigado”.
O futuro vice-prefeito de Carapicuíba, que assumirá o posto em 1º de janeiro de 2025 ao lado de José Roberto, será o atual vereador e ex-presidente da Câmara Municipal, Guto José (Podemos).
VICE-PREFEITO
Guto José (Podemos)
Carapicuíba terá mais dois vereadores a partir do próximo ano
Sem que ninguém fizesse muito alarde, ainda no ano de 2022 os vereadores carapicuibanos aprovaram uma Emenda à Lei Orgânica da cidade (Emenda nº 49/2022), determinando que, a partir da legislatura que se inicia em 2025, a Câmara local passará a ser composta por 19 vereadores, em vez dos 17 que integram o colegiado atualmente. A decisão foi tomada no mês de dezembro daquele ano, como é de praxe quando a classe política procura “esconder” tais iniciativas que, via de regra, aumentam os custos para a sociedade como um todo.
Apear do “segredo”, os vereadores não estão fora da lei: a própria Constituição Federal, em seu Artigo 29, prevê que os municípios com mais de 300 mil e até 450 mil habitantes podem ter até 23 vereadores em sua Câmara Municipal. Carapicuíba tem atualmente 398.462 habitantes e, com 19 parlamentares, está até quatro cadeiras abaixo do limite máximo de 23.
Além desse destaque, registra-se também na eleição deste ano que, considerando os 17 atuais integrantes, o legislativo carapicuibano foi – na região – o que menos renovou seu quadro, reelegendo 13 vereadores, ou 76,47% deles. Ou seja: com apenas 4 novos (ainda entre os 17), a renovação alcançou pífios 23,53%. De positivo, o Legislativo que não tinha nenhuma mulher entre seus integrantes, terá duas a partir do próximo ano (ver quadro).
Como destaque individual, cita-se o vereador Fabinho Reis (PSD), que obteve a maior votação, com mais de 5,5 mil votos. Em 2020, ele já havia ficado com a segunda posição nesse quesito, com 3,5 mil votos, ficando naquela oportunidade atrás de Guto José, que obteve 5 mil. Guto José, no pleito deste ano, foi eleito vice-prefeito, abrindo o caminho para esse destaque de Fabinho.