Paulistão 2020 prevê jogadores com luvas e gol sem abraços quando a bola voltar a rolar
Medidas constam em protocolo médico que a FPF enviará ao governo estadual, redigido após reunião virtual com os clubes e que, entre outras, ainda indica a volta aos treinos para todos os times na mesma data
Por Marcelino Lima
Depois de videoconferência promovida na segunda-feira, 4 de maio, pela Federação Paulista de Futebol (FPF) e representantes dos seus departamentos com dirigentes dos 16 clubes que participam do Campeonato Paulista da Série A1, o Paulistão 2020, a entidade divulgou um protocolo médico que deverá ser encaminhado ao governo do Estado de São Paulo.
O documento de nove páginas, assinadas pelo ortopedista Moisés Cohen, presidente do Comitê Médico da FPF, contém medidas a serem observadas para que a retomada e conclusão da temporada — interrompida desde 16 de março devido à pandemia do coronavírus (Covid-19) — possa ser feita com segurança, evitando recidivas quando os riscos de contágio estiverem sob controle.
Entre os itens listados por Cohen, além de apontar que as partidas deverão mesmo ser promovidas sem a presença do público e com portões fechados, está previsto, por exemplo, que as delegações e as equipes de arbitragem fiquem confinadas durante a participação na reta final do estadual, que não haja comemoração com troca de abraços quando gols forem marcados, o uso de luvas e de camisetas de mangas compridas pelos jogadores e até mesmo que eles evitem cuspir em qualquer área do campo enquanto a bola estiver rolando.
Por meio do protocolo, a FPF também preconiza o uso obrigatório de máscaras para quem ficar no banco de reservas, além de testes periódicos em jogadores, comissões técnicas e outros envolvidos nos espetáculos. Deverá, ainda, ser observada a recomendação de restrições (dependendo da importância do confronto) a no máximo 170 o número de pessoas presentes tanto nos treinos, como nos jogos, entre profissionais e equipes de apoio às partidas, delegações, imprensa e arbitragem. Treinos, só poderão ser retomados quando as autoridades sanitárias autorizarem, com todos os clubes retornando na mesma data. Para os atletas, os treinos seriam escalonados: individualizado na primeira, em grupo na segunda e o início dos coletivos na terceira semana.
“Tudo o que foi colocado no protocolo é uma recomendação da FPF aos clubes”, disse Cohen. “Caberá a cada um deles acatar dependendo da sua realidade, mas todos os médicos do Campeonato Paulista já se posicionaram favoráveis às medidas”, prosseguiu o ortopedista. “Ainda estamos estudando e discutindo a viabilidade de algumas situações, pois o fato é que vai mudar muito a cultura como um todo. Uma comemoração de gol, por exemplo, aumenta a exposição ao risco de contaminação. Claro que em situações como disputa no alto de um escanteio, o contato é inevitável. Mas ainda vamos analisar medidas educativas para que sejam sugeridas. São pontos de conscientização, não regras”, encerrou.
LÍDER SEM CAMPO
O protocolo da FPF foi redigido em um contexto no qual já há pelo país clubes como a dupla gaúcha Grêmio e Internacional, por exemplo, treinando coletivamente, e dias depois, ainda, de a Federação do Rio de Janeiro autorizar times fluminenses a também saírem do isolamento e treinar, o que, contudo, tanto a Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, como o governo do Estado, vetaram. Ademais, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), membros das federações e do Ministério da Saúde haviam colocado em pauta a possibilidade de os campeonatos estaduais serem reiniciados no domingo, 17 de maio.
Em relação ao principal campeonato estadual, o Paulistão 2020, que reúne os 16 integrantes da Série A1, quando a interrupção passou a valer faltavam duas rodadas para o encerramento da fase classificatória às quartas de final. O Santo André era o líder geral, com 19 pontos ganhos, mesma pontuação do Palmeiras e ambos no grupo B, mas o “Ramalhão” detinha a vantagem nos critérios de desempate.
A equipe do ABC, se os jogos recomeçarem, entretanto, poderá vir a ter problemas para a conclusão do torneio, já que boa parte do elenco e sua comissão técnica tiveram contratos de trabalho finalizados, patrocinadores cancelaram apoio financeiro e o Estádio Municipal Bruno José Daniel está sendo utilizado pela Prefeitura de Santo André como hospital de campanha. “O Santo André não tem a mínima possibilidade de utilizar o Bruno José Daniel, acredito, nesse ano inteiro”, afirmou o diretor executivo andreense Edgard Montemor. “Mais do que nosso campo de jogo, é onde a gente tinha nosso departamento médico, fisioterapia, os jogadores se encontravam para sair para os treinos”.