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SEM NOTÍCIA?

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Bolsonaro
Doria
Mandetta

Na semana passada, com as primeiras decisões, encontros e desencontros provocados pela bruta intervenção do coronavírus (Covid-19) no cotidiano dos brasileiros, esta coluna chegou a afirmar que o país havia virado de ponta cabeça.
Chegou-se a imaginar, inclusive, que com a paralisação de praticamente tudo, sequer teríamos noticiário político para comentar e editar o “Paredão” desta semana.

ESTÃO PERDIDOS

Ledo engado!
A classe política não dá trégua nem nos momentos em que deveria estar apenas cuidando da população. Eles se xingam, se confrontam, criam o maior banzé e acabam demonstrando que, assim como todo o cidadão normal, estão perdidos com tudo o que está acontecendo.

CONFRONTO DE IDEIAS

A principal das questões de momento é justamente o confronto de ideias daqueles que concordam com as medidas adotadas por governadores e prefeitos, fechando comércios, escolas, impedindo a circulação, etc; e outros que avaliam ser tudo isso um exagero e que a paralisação das empresas gerará um impacto muito maior na economia, gerando ainda maior sofrimento na população.

EPICENTRO

No epicentro dessas discussões estão especialmente o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
De um lado do ringue, Doria e milhões de brasileiros, inclusive o próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, consideram as medidas adotadas mais do que justificadas e se apoia nas determinações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e no que todos os países têm feito ao redor do mundo sobre o isolamento das pessoas.

AFROUXAR

No outro “corner” está o presidente Bolsonaro, que defende tratar-se tudo de uma histeria provocada pela imprensa e que a pandemia não passa de uma “gripezinha” ou um “resfriadinho”. Defende, portanto, o afrouxamento nas medidas de isolamento, como forma de resguardar a economia do país.

TANQUE DE GUERRA

É aí onde mora o grande problema: o presidente Jair Bolsonaro não tem a “delicadeza” de um cãozinho de pelúcia para expressar suas ideias e opiniões. Pelo contrário: parece um tanque de guerra!
Não se questiona aqui a razão de um lado ou de outro. Afinal de contas, cada um tem suas posições e todas devem ser respeitadas. Podem ser debatidas e até alteradas….mas respeitadas, sempre!

É UM ATLETA!

Ao usar a rede nacional de televisão na noite de terça-feira, 24, o presidente – na qualidade do cargo que lhe é investido – poderia (e deveria) ter apresentado propostas e soluções. Não o fez: preferiu atacar as medidas dos governadores e evocar para si a qualidade de “atleta”, daqueles que não sentirão nada se for pego pelo vírus.

SEM DECISÃO

Defendeu, sim, sua visão sobre o exagero nas medidas, mas e daí: qual solução apresentou?
Nenhuma! Em vez disso, ao avaliar que o principal alvo da doença são os idosos, chegou a perguntar: “Por que, então, fechar as escolas?”.
Ora, repetimos: na qualidade de presidente, ele não pode vir a público perguntar…tem de tomar uma decisão.
Não tomou!

SEM VISIBILIDADE

O governador paulista João Doria, por sua vez, adotou postura daqueles que realmente desejam aparecer mais do que a doença. Faz diariamente entrevistas coletivas, apresentando em conta-gotas as medidas adotadas pelo seu governo.
Poderia apresentar boa parte de uma “batelada” só, mas aí perderia a visibilidade que os meios de comunicação lhe dão, né?

‘SUBIU À CABEÇA’

Com isso, justifica a acusação de Bolsonaro de que está apenas pensando na campanha presidencial de 2022.
Por isso, o presidente não teve papas na língua para acusar diretamente o governador paulista numa videoconferência com os governadores realizada logo no dia seguinte, quarta-feira, 25. “Subiu à sua cabeça a possibilidade de ser presidente da República. Não tem responsabilidade. Não tem altura para criticar o governo federal, que fez completamente diferente o que outros fizeram no passado. Vossa excelência não é exemplo para ninguém”, disse Bolsonaro.

AUMENTANDO O MEDO

No final das contas, tudo isso não chegou ao final…
Demonstra apenas que, assim como nós, cidadãos comuns, eles estão perdidos, batendo cabeça e, obviamente, aumentando o medo da população…

ISOLAMENTO OU PRISÃO

Independentemente de que lado você, leitor, esteja, façamos um exercício bem simples: certamente aí, dentro de sua casa, no isolamento com seus entes queridos, esposa, marido, filhos ou quem quer que seja, você já deve ter se perguntado: mas por que eu tenho de ficar preso? A Constituição não permite nossa liberdade de ir e vir?

ASSUMINDO RISCOS

Sim! A constituição permite e, em tese, você pode deixar, sim, seu isolamento e sair por aí, assumindo por conta própria os riscos de ser infectado pelo vírus.
O que os governantes estão fazendo, então, é errado? Não, necessariamente!
Estão corretos sob o ponto de vista de antecipar que o sistema de saúde não poderá atendê-lo e a todos os outros que pensam igual a você. E, certamente, serão muitos…

FILA DA MORTE

Já pensou? Na sua liberdade de ir e vir, você pega o vírus e vai procurar pelo sistema de saúde?
Na fila da morte, você e seus parentes certamente irão questionar por que os governantes não fizeram nada, pensando antecipadamente no assunto, certo?

SAÚDE PARA TODOS

Pois é! É aí onde mora nosso problema: se tivéssemos um sistema de saúde adequado, pronto para atender a população, não precisaríamos passar por isso.
O quê? Acha que é utopia? Não existe um sistema de saúde desses?
Ora, por que é, então, que todos eles, para serem eleitos, prometem oferecer saúde de qualidade para todos? Saúde sem distinção ou discriminação? Saúde de primeiro mundo?

MENOS É MAIS

Tudo isso, no final das contas, é fruto da própria inoperância de nossos políticos: a falta de decisões, o medo, as falsas promessas, etc.
Dizem que nada podemos, porque não controlamos o vírus.
Mentira! Se tivéssemos mais investimento em ciência e na saúde, talvez não precisaríamos estar vivenciando esse sufoco.
Ou ainda: se tivéssemos menos políticos, talvez estivéssemos vivendo melhor…