Governador anuncia prorrogação da quarentena e cita ‘cenário desolador’ em SP
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou na manhã de sexta-feira da semana passada, 8, que o estado de quarentena em todo o Estado foi prorrogado até o dia 31 de maio. A decisão, segundo o próprio governador, foi tomada após uma reunião com os integrantes do Centro de Contingência ao Coronavírus e secretários do governo.
Esta é a terceira vez que o período de isolamento social, como medida de combate à pandemia da Covid-19, é prorrogado, desde que foi implantado pela primeira vez, em 22 de março. Naquele primeiro período, a quarentena valeria até 7 de abril. Depois disso, Doria prorrogou para 22 de abril e novamente até o dia 10 de maio.
A principal motivação do governo paulista são as baixas taxas de isolamento social verificadas no Estado nos últimos dias, aliadas ao aumento do número de casos da doença. Nos três dias anteriores à decisão, por exemplo, a taxa de adesão ao isolamento fechou em 47%, percentual insuficiente diante dos 55% vistos como necessários ou os 70% tratados como objetivo. Doria já havia antecipado que cidades com menos de 50% estavam excluídas de qualquer possibilidade de reabertura do comércio.
Ao mesmo tempo, o número de mortes cresceu 193%, atrapalhando o plano de reabertura do comércio e retomada da atividade econômica. Esse projeto foi lançado em 22 de abril, com o nome de “Plano São Paulo”, e previa a flexibilização das regras da quarentena condicionada à queda na curva de contaminação, testagem massiva de pessoas, alta taxa de isolamento social e disponibilidade de leitos no sistema de saúde. Nenhum dos critérios, porém, foi atingido.
DEGRADAÇÃO
Doria havia criado grande expectativa na população, principalmente na classe empresarial, que afirmou que o Estado tinha um plano de flexibilizar a quarentena a partir do recente domingo, 10 de maio e, para que cada cidade pudesse retomar o comércio parcialmente, era preciso estar na chamada área verde, de acordo com a taxa de isolamento social alcançada diariamente. Mas a degradação da situação da saúde fez com que São Paulo ficasse somente com áreas vermelhas e amarelas.
Durante o anúncio de sexta-feira, 8, Doria chegou a declarar: “Como governador de São Paulo, gostaria de dar uma notícia diferente, mas o cenário é desolador”.
O governador também afirmou que reabrir a economia neste momento colocaria em risco milhares de vidas. “Autorizar o relaxamento agora seria colocar em risco milhares de vidas, o sistema de saúde e, por óbvio, a recuperação econômica. Quero reafirmar aqui, em nome de todos os secretários, que retomaremos, sim, tão logo possível, na hora certa, no momento adequado. Este momento, o mais triste da história do nosso país, vai passar. Vai passar se todo mundo ajudar”, finalizou.
Apesar desse “adiamento”, Doria anunciou a criação do Conselho Municipalista, que irá pactuar as futuras decisões de flexibilização da quarentena e retomada total da economia em São Paulo. O grupo será composto pelos 16 prefeitos de cidades sede de regiões administrativas do Estado, pelo próprio governador, o vice-governador Rodrigo Garcia e os Sscretários de Estado José Henrique Germman (Saúde), Marco Vinholi (Desenvolvimento Regional), Patrícia Ellen (Desenvolvimento Econômico) e Henrique Meirelles (Fazenda e Planejamento).
Durante a entrevista, Doria salientou que, embora o cenário atual seja muito preocupante, um modelo matemático do Centro de Contingência aponta que o isolamento social em todo o Estado de São Paulo evitou mais de 40 mil mortes desde o dia 24 de março. Porém, a alta taxa de ocupação de leitos em hospitais por Covid-19 é o principal gargalo que exige a manutenção da quarentena.