Doria prorroga quarentena e apresenta Plano São Paulo de retomada da economia por regiões a partir de 1º de junho
O governador João Doria (PSDB) anunciou na quarta-feira, 27, a prorrogação da quarentena no Estado de São Paulo por 15 dias, com flexibilizações e aberturas econômicas progressivas, que serão feitas levando em conta as características de cada município.
“A partir do dia 1º de junho, por 15 dias, manteremos a quarentena, porém, com uma retomada consciente de algumas atividades econômicas no Estado de São Paulo”, disse o governador durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, na Capital. O atual estado de quarentena em São Paulo começou em 24 de março e, após três prorrogações, estava previsto para terminar neste domingo, 31 de maio.
Doria explicou que a partir de segunda-feira, 1º de junho, índices de ocupação hospitalar e de evolução de casos em 17 regiões do Estado vão definir cinco níveis restritivos de retomada produtiva, segundo critérios médicos e epidemiológicos, para que o sistema de saúde continue em pleno funcionamento.
O plano, segundo o governador, foi elaborado por autoridades estaduais em sintonia com especialistas do Centro de Contingência do Coronavírus e do Comitê Econômico Extraordinário que atuam voluntariamente em apoio ao Estado. Os eixos principais das cinco fases de reabertura também foram discutidos com prefeitos e representantes de diversas associações comerciais e empresariais.
As cinco fases do programa vão do nível máximo de restrição de atividades não essenciais (vermelho) a etapas identificadas como controle (laranja), flexibilização (amarelo), abertura parcial (verde) e normal controlado (azul). A escala será aplicada a 17 regiões distintas do território paulista, de acordo com a abrangência dos Departamentos Regionais de Saúde (DRS), que são subordinados à Secretaria de Estado da Saúde. São os DRS que determinam a capacidade de atendimento, transferências de pacientes e remanejamento de vagas de enfermaria e Unidades de Terapia Intensiva (UTI) nos municípios. Uma região só poderá passar a uma reclassificação de etapa – com restrição menor ou maior – após 14 dias do faseamento inicial, mantendo os indicadores de saúde estáveis.
GRANDE SÃO PAULO VERMELHA
Em todos os 645 municípios, a indústria e a construção civil seguem funcionando normalmente. A interdição total de espaços públicos, teatros, cinemas e eventos que geram aglomerações – festas, shows, competições etc – permanece por tempo indeterminado. A retomada de aulas presenciais no setor de educação e o retorno da capacidade total das frotas de transportes seguem sem previsão.
Nenhuma das 17 regiões está na zona azul, que prevê a liberação de todas as atividades econômicas segundo protocolos sanitários definidos no Plano São Paulo. A zona verde, segunda mais ampla na escala, também não foi alcançada até o momento e permanece como meta de curto prazo para cada região.
Com exceção da Capital, todos os municípios da Grande São Paulo e também da Baixada Santista e de Registro permanecem na fase vermelha e não terão nenhum tipo de mudança na quarentena em vigor desde 24 de março. Nas três regiões, o sistema de saúde está pressionado por altas taxas de ocupação de UTI e avanço de casos confirmados de pacientes com coronavírus.
Nas demais fases, haverá flexibilização parcial em diferentes escalas de capacidade e horário de atendimento. A etapa laranja, que abrange a Capital e outras dez regiões no Interior e Litoral Norte, prevê retomada com restrições ao comércio de rua, shoppings, escritórios, concessionárias e atividades imobiliárias. Os demais serviços não essenciais continuarão fechados.
Na fase amarela, haverá reabertura total de serviços imobiliários, escritórios e concessionárias segundo protocolos sanitários. Comércio de rua, shoppings e salões de beleza, além de bares, restaurantes e similares poderão funcionar com restrições de horário e fluxo de clientes.
As regiões que chegarem à fase verde poderão atenuar as restrições ao funcionamento de todos os setores da fase amarela. Academias de ginástica e centros de prática esportiva também voltarão a receber frequentadores, desde que respeitados limites de redução de atendimento e as regras sanitárias definidas para o setor.
Desde o anúncio de Doria, na quarta-feira, 27/5, essa distinção da Capital, considerada epicentro da pandemia no país, tem provocado reações adversas de prefeitos da Região Metropolitana, que continuam na zona vermelha.
Ao encerramento desta edição, na quinta-feira, 28, a Redação do jornal Página Zero apurou que uma reunião entre os prefeitos que integram o Consórcio Intermunicipal da Região Oeste (Cioeste) estava marcada para esta sexta-feira, 29. Após o encontro, é esperado um posicionamento conjunto dos prefeitos da região sobre o plano do governo paulista.
A reação dos prefeitos da região
Durante o fechamento desta edição, na quinta-feira, 28, a reportagem do jornal Página Zero procurou manter contato com as assessorias dos prefeitos da região, a fim de tornar público e oficial cada posicionamento sobre o tema.
Alguns deles responderam:
RUBENS FURLAN (PSDEB/Barueri) – “Observamos com preocupação essa distinção, uma vez que Barueri possui um alto índice de público flutuante da Capital paulista, além de outras cidades do entorno e do Interior. Com uma maior circulação permitida nessas cidades, os riscos de contaminação da nossa população, assim como da população flutuante que frequenta a cidade, mantêm-se altos, o que vai dificultar ainda mais controlarmos os índices locais”.
IGOR SOARES (Pode/Itapevi) – “Não há sentido liberar a cidade de São Paulo para a fase 2 e manter a nossa região na fase 1. Grande parte da população de Itapevi trabalha em São Paulo, ou seja, a movimentação e circulação de pessoas vai acontecer em nossas cidades, com ou sem abertura parcial do comércio. Enfim, ou libera para todas as cidades da Região Metropolitana, ou para nenhuma delas, inclusive a Capital”.
GREGORIO MAGLIO (PSD/Pirapora) – “Não concordo com o enquadramento de toda a Região Metropolitana na fase 1 ou zona vermelha, porque se a cidade de São Paulo foi tratada de maneira particular, apartada das demais, deveriam ter sido consideradas também todas as particularidades de cada município. Até hoje tenho aceitado fazer parte de um consenso regional, mesmo sabendo da realidade totalmente diferente de Pirapora, mas a partir do momento em que se estabeleceu tratamento diferenciado à Capital, Pirapora também deveria ser avaliada de acordo com a sua realidade.
Os prefeitos de Jandira (Paulo Barufi/PTB) e de Santana de Parnaíba (Elvis Cezar/PSDB) enviaram respostas afirmando preferirem proferir um pronunciamento formal ainda nesta sexta-feira, 29. Ambos disseram aguardar conversas com os demais prefeitos e também com o governador João Doria.
A assessoria do prefeito de Osasco, Rogério Lins (Pode), não enviou resposta, mas ao programa Bom Dia SP, da TV Globo, na manhã de quinta-feira, 28, ele afirmou: “Osasco é praticamente uma extensão da Capital; não vai funcionar esse retorno gradativo diferente da Capital, na cidade de Osasco e nas cidades da região Oeste. A gente vai voltar hoje com um documento assinado por todos os prefeitos da região, para entregar no Palácio do Governo, pedindo uma reavaliação da nossa classificação avançando para a fase 2, a fase laranja, onde gradativamente alguns comércios – com muita segurança e com muita colaboração da população voltem a funcionar normalmente.