Aline Rodrigues
Quando 2020 iniciou, trouxe com ele inúmeros sonhos a serem realizados: casamentos, aniversários de 15 anos, bodas, “chá revelação” do sexo do bebê que está sendo gerado, lembrancinhas de maternidade para entregar a todos os amigos que iriam manifestar seu carinho em visita ao recém-nascido, e tantas outras celebrações. Mas, de repente, uma circunstância jamais esperada ou desejada “assalta” não apenas o povo brasileiro, mas todo o mundo: a COVID-19. Um vírus que colocou todos dentro de casa, em um isolamento social, que fechou comércio, empresas, restaurantes, salões de festas, enfim, tudo! E um ar de “medo”, “pânico” foi instaurado em nosso país. Ninguém sabe o que vai acontecer nos próximos meses, na próxima semana, nem no próximo dia, pois cada cidade tem tomado uma medida diferente. E junto a isso toda a frustração pela não realização dos sonhos planejados para 2020. A não realização de um sonho gera muita tristeza, frustração e desesperança. Desesperança? Sim! Desesperança. Pois quando “perdemos” algo que estava prestes a ser realizado e não temos previsão de quando poderemos retomá-lo, perdemos um pouco da esperança, pois é como se sentíssemos que “nunca mais será realizado”. Existe uma diferença entre circunstância e escolha, e não sabemos lidar com isso. Geralmente, aquilo que deveria ser tratado como circunstância é visto como escolha e vice-versa. Uma inversão da realidade da vida que nos confunde e gera sofrimento. Vamos lá! O que é escolha? Imagine que você planejou a festa de 15 anos junto com seus pais. A banda contratada, o salão, buffet, convite, os convidados confirmaram presença e, de repente, você tem uma briga com seus pais, porque engravidou, eles ficaram muito decepcionados e decidiram cancelar a festa, que estava praticamente pronta. O clima fica horrível e você se sente incompreendida e não amada por sua família. Bom! Esta situação é uma circunstância ou escolha? Escolha! Que terá suas consequências. Perceba que essa adolescente fez uma escolha, com esse namorado, e a consequência foi uma gestação. Diante de todo ato escolhido, existe uma consequência que é preciso ser vivida também. O que difere das circunstâncias. Imagine agora que você que planejou o casamento dos sonhos. Escolheu a data, 2 de maio de 2020, pois era uma data especial para você e seu noivo e o feriado do Dia do Trabalho (01) facilitaria a vinda de todos os parentes distantes, que poderiam vir com calma. Tudo pronto! Até que em março veio o isolamento social e a proibição de qualquer tipo de festa e aglomeração. Foi como um balde cheio de gelo que caiu sobre a sua cabeça. Porém, tudo isto foi uma escolha sua? Dos seus fornecedores? Não! Aconteceu sem que ninguém tivesse planejado ou desejado. É bem este cenário que estamos vendo: fornecedores que são obrigados a remarcar as datas de prestação de serviço com seus clientes e clientes que são obrigados a remarcar suas datas com seus convidados. Sabemos o quanto é frustrante, afinal, não será mais conforme planejado, mas pode acontecer em uma nova data, basta você querer! Aqui, tratamos de circunstância, isto é, de uma situação que independe de nossas escolhas, como o contexto de pandemia, que existe, independente da nossa vontade. Se diante de nossas escolhas precisamos assumir as consequências, o que devemos fazer diante das circunstâncias? Absorvê-las! É isso mesmo! Neste momento, esta é a nossa circunstância e não devemos ficar lamentando, chorando, com raiva. É necessário absorvermos a situação e nos adaptarmos à nova realidade. Não dá para ficarmos paralisados diante das circunstâncias e não tomarmos nenhuma decisão. Na sua realidade hoje, como você tem vivido diante dos sonhos que foram interrompidos? Como você tem enxergado tudo isto: escolha ou circunstância?
Aline Rodrigues é psicóloga, especialista em saúde mental, e missionária da Comunidade Canção Nova. Atua com Terapia Cognitiva Comportamental; no campo acadêmico, clínico e empresarial