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Não adianta fugir

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José Renato Nalini

Quando você acordar pode ser tarde. Um robô poderá fazer melhor aquilo que você pensa que sabe fazer.
Quem não acredita deveria visitar o centro de distribuição da Amazon em Baltimore. É a prova cabal de que os humanos serão defenestrados muito antes do que se pensa.
Tudo automático. Conjunto gigantesco de escadas, rampas, separadores e dezoito quilômetros de esteiras rolantes. Os pedidos saem das estantes para bandejas e de bandejas para caixas, percorrem a máquina e entram em furgões de entregas. Tudo feito por robôs.
Parecem aspiradores de pó e podem transportar até 340 quilos de produtos em seus quarenta compartimentos. A Inteligência artificial escolhe a caixa apropriada. Os humanos são ainda necessários para apanhar objetos específicos e posicioná-los. Mas logo serão descartados.
Armazéns autônomos se fundirão com sistemas automáticos de fabricação e entrega. Formarão cadeia de suprimento inteiramente automática. Mudou a lógica humana. Em lugar de guardar itens semelhantes no mesmo lugar, os armazéns da Amazon conservam múltiplas cópias de um mesmo produto em locais aleatórios, que só os robôs sabem encontrar.
As entregas também vão mudar. Amazon, Google, Uber e muitas outras startups estão preparando drones conectados à nuvem física. Hoje a Amazon emprega 575 mil pessoas. Não revela seus projetos próximos ou a longo prazo. Quantos permanecerão empregadas?
Mas as novidades não param aí. Amazona e Walmart patentearam armazéns parecidos com zepelins, que flutuarão a 300 metros de altura, equipados com drones prontos a entregar dentifrício e papel higiênico aos consumidores em suas casas.
O próximo alvo de automação está nos veículos de entrega. Já se planeja levar pacotes de um furgão autoguiado ao comprador, seja por veículo autônomo ainda menor ou pela criação de armários de entregas nos bairros. Tudo muito vantajoso: quando some o motorista humano, desaparecem o volante, o airbag, o cinto de segurança. O veículo pode assumir qualquer forma, a depender das necessidades e da criatividade dos designers.
A IBM já patenteou um drone capaz de entregar um café pelando no caminho para o trabalho. Só falta implementar. Mas chegará lá.
E o ser humano, adaptou-se para fazer o que a Inteligência Artificial não conseguir que o robô faça por ele?

José Renato Nalini é reitor universitário, autor de “Ética Geral e Profissional” e presidente
da Academia Paulista de Letras