Dirceu Cardoso Gonçalves
Todas as narrativas que surgem, sejam a favor ou contra o governo, merecem nossa atenção e reflexão. Isso nos leva a acreditar cada dia mais no futuro, não só do Brasil, mas do mundo. O corte da História demonstra que por mais narrativas, interesses subalternos e enganações que possam dar o tom dos acontecimentos num tempo, nada se pereniza sem a existência de bases sólidas. Não adianta indivíduos ou grupos deles reinventar a roda e, mesmo que o façam, na hora de funcionar, o reinvento mostra suas fragilidades.
Nosso país é o resultado da aculturação portuguesa e de todas as influências por ela assimilada ao longo dos 520 anos que nos separam do Descobrimento (ou Achamento, como se diz em Portugal). Herdamos a língua, mas somos diferentes da pátria-mãe. Tanto cá quanto lá, tivemos instabilidades políticas, autoritarismo, incompreensões e outros problemas.
O Brasil, mercê de seus recursos naturais e do empreendedorismo dos brasileiros (natos, naturalizados ou simplesmente chegados) conseguiu colocar-se entre as dez maiores economias do mundo. Além do agronegócio exuberante, abriga invejável parque tecnológico e industrial, comércio e serviços de alta capacidade. Mas não se desenvolveu com a mesma força na distribuição das riquezas e das facilidades que levam o bem-estar à população. Um simples passar de olhos sobre os aglomerados urbanos com suas periferias e favelas, eufemisticamente denominadas “comunidades”, nos dá mostra do muito que ainda há a se realizar.
O século XX perdeu-se no proselitismo e na luta ideológica. Direita e esquerda digladiaram-se e usurparam o foco da cena social. Multidões ocuparam-se em seguir esta ou aquela ideologia e, no lugar de trabalhar em beneficio próprio, tornaram-se partidárias (e reféns) da casta que promove o adestramento popular para garantir votos que a mantém no poder. A política, em vez de instrumento para desenvolver a sociedade, foi transformada em nefasta crença. Muitos votam sem conhecer o candidato nem saber de suas propostas para o caso de ser eleito.Apesar dos desencontros, é possível identificar avanços no Brasil de hoje. O povo vai aos poucos abandonando o fervor político que os oportunistas inocularam às massas. É a oportunidade que a sociedade tem para se libertar do estigma direita/esquerda. Há que se lembrar que, filosoficamente, ambos os lados são bons, mas, a prática mostra as impropriedades.
Começou, no dia 16, a campanha eleitoral para prefeito e vereador. Os candidatos – muitos deles desaparecidos há quatro anos – estão nas ruas pedindo o nosso voto. Esse é o único momento em que, nós os cidadãos, podemos influenciar nos destinos de nossa cidade. Por isso, tanto por interesse quando por dever de cidadania, devemos, antes de decidir em quem votar, buscar informações seguras sobre quem são os candidatos, o que já fizeram (de bom ou ruim) e suas propostas para se eleitos. Feito isso, será menor o risco de elegermos maus administradores e legisladores. Com esse simples cuidado, estaremos defendendo o próprio interesse e exercendo bem o direito de voto. E, ainda, contribuiremos para acabar com os maus políticos…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)