Público atendido também está abaixo da meta no Estado de São Paulo, que já anunciou prorrogação da campanha
Ao iniciar a campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite no dia 5 de outubro, o Ministério da Saúde traçou como meta atingir a 11,2 milhões de crianças de 1 ano a menores de 5 anos em todo o país. No Estado de São Paulo, a projeção era de atender a 2,2 milhões de crianças.
O prazo para encerramento da campanha terminará nesta sexta-feira, 30, e dentro desse período, houve até um “Dia D” de vacinação, em 17 de outubro. Apesar de tudo isso, o cenário de atendimento ao público-alvo é desanimador: em levantamento divulgado pelo próprio Ministério no início desta semana, somente cerca de 4 milhões de crianças foram atendidas no país, 35% do público pretendido. Faltam, portanto, 7,3 milhões de crianças para serem vacinadas.
O exemplo negativo se segue no Estado de São Paulo: apenas 664 mil crianças haviam sido vacinadas, o que corresponde a 30% do público-alvo.
Com o conceito ‘Movimento Vacina Brasil. É mais proteção para todos’, a ação também visa a atualizar a situação vacinal de crianças e adolescentes menores de 15 anos, oferecendo todas as doses do calendário nacional de vacinação.
A maior cobertura vacinal entre as crianças de 1 a menores de 5 anos foi registrada no estado do Amapá (62,59%), seguido do estado da Paraíba (50,11%). A menor cobertura pertence ao estado de Rondônia (11,76%). Até o momento, 232 (4,16%) municípios atingiram a meta de 95% de crianças vacinadas. Os dados são preliminares e os municípios têm até o fim de novembro para registrar as doses aplicadas no sistema de informações do Ministério da Saúde.
Entre o público-alvo da vacinação, a maior cobertura, até o momento, foi registrada entre as crianças de 2 anos de idade (35,33%) e a menor cobertura foi entre as crianças de 3 anos (34,23%). Não existe tratamento para a poliomielite e a única forma de prevenção é a vacinação. A vacina oral de poliomielite (VOP) protege contra dois sorotipos do poliovírus (1 e 3) e a vacina inativada (VIP), contra os três sorotipos (1, 2 e 3).
Para crianças com infecções agudas, com febre acima de 38ºC ou com hipersensibilidade a algum componente da vacina, o Ministério da Saúde recomenda aos pais que busquem um serviço de saúde para avaliação. A vacina possui eficácia entre 90% e 95% para a VOP.
A recomendação aos estados que não atingirem a meta é continuar com a vacinação de rotina, oferecida durante todo o ano nos mais de 40 mil postos de saúde distribuídos pelo país.
O Ministério da Saúde não fala oficialmente em prorrogação da campanha; mas a se considerar exemplo recentes de ações similares que não haviam sido bem sucedidas, o anúncio sobre a prorrogação da campanha deverá ocorrer nos próximos dias. No Estado de São Paulo, na noite de quinta-feira, 31, a Secretaria Estadual de Saúde informou que a campanha já está oficialmente prorrogada até o dia 13 de novembro.
CENÁRIO DA POLIO NO BRASIL
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil está livre da poliomielite desde 1990 e, em 1994, o país recebeu, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a Certificação de Área Livre de Circulação do Poliovírus Selvagem em seu território.
Entretanto, ainda existem países endêmicos detectando casos da doença, Paquistão e Afeganistão, que registraram, em 2020 (até 20/10) um total de 132 casos de poliomielite. Por isso, a vacinação é fundamental para que casos de paralisia infantil não voltem a ser registrados no Brasil.
A poliomielite é uma doença infectocontagiosa grave. Na maioria dos casos, a criança não vai a óbito quando infectada, mas adquire sérias lesões que afetam o sistema nervoso, provocando paralisia irreversível, principalmente nos membros inferiores. A doença é causada pelo poliovírus e a infecção se dá, principalmente, por via oral.