Já defendemos, em artigo anterior, a liberação das vacinas da Covid-19 – hoje restritas ao SUS (Sistema Único de Saúde) para que empresas possam adquirir e ministrar as doses aos seus empregados e familiares. A tese é de que essa atividade em nada atrapalharia a vacinação oficial e até poderia ajudar, já que retiraria milhares de pessoas da fila dos postos públicos de vacinação. Além de diminuir as aglomerações, ainda reservaria o imunizante comprado pelo governo para um maior número de não pagantes, prioritários, desempregados e vulneráveis de diferentes espécies.
A aprovação Anvisa (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) das duas vacinas – Coronavac e Oxford – e a disponibilidade da agência para analisar e autorizar o produto de outros fabricantes, encheu o brasileiro de esperança quanto ao fim da pandemia e, principalmente, a volta da normalidade. Mas agora se verifica a frustração e até o temor causados pelo retardo da Índia em fornecer os 2 milhões de doses que o Brasil comprou naquele país, deveriam ter chegado no inicio da semana e já se encontrar em distribuição. Também preocupa a demora da China no fornecimento dos insumos para o Instituto Butantã e a Fiocruz produzirem localmente as duas vacinas aprovadas. É um duro golpe no povo, que já fazia as contas de quantos dias faltava para receber a vacin a e agora fica sabendo que terá de aguardar mais um, dois, três ou mais meses.
Independente das tratativas de governo com a Índia, a China e outros possíveis fornecedores, é chegada a hora de liberar a iniciativa privada para atuar no processo. Sabe-se que, por conta da escassez, os preços internacionais da droga ainda são elevados. Mas se nosso pais tiver grandes corporações e entidades empresariais atuando no setor, estas terão poder de negociação e acabarão trazendo as doses por valores minimamente aceitáveis. E o que importa é cortar caminho e fazer com que a vacina chegue o mais rápido possível aos brasileiros. Pouco importa se através do sistema público ou pela via privada; o grande objetivo é vacinar.
Com mais de mil mortes diárias causadas pela Covid-19, temos que correr com a vacinação, única solução apontada pelos especialistas e órgãos de controle. Pouco importa quem vai pagar a conta ou aplicar as injeções no braço das pessoas. O fundamental é a dose chegar e cumprir sua finalidade. Vencida a pandemia, faça-se o balanço e providencie-se as devidas compensações.
Espera-se que as autoridades – federais, estaduais e municipais – não percam de vista o grande objetivo que é vacinar a população para, através disso, afugentar o vírus. Isso é mais importante do que tudo, principalmente do que saber qual das aves de rapina vai ganhar ou perder politicamente com esse trabalho. É preciso ter dignidade, espírito público e senso humanitário. Colocar em primeiro lugar o dever de aplacar o sofrimento do povo. Em vez do cabo-de-guerra que aí está, os agentes públicos – Executivo, Legislativo, Judiciário e até a iniciativa privada por suas lideranças – precisam se unir e buscar o máximo da eficiência na solução desse flagelo que varre literalmente o país e mata em larga escala ignorando raça, ideologia, credo, situação financeira e todas as demais variáveis de suas vitimas. Ação, senhores. O Brasil não pode esperar!…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da Aspomil (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)