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Tardio e óbvio, comitê nacional para combater coronavírus é anunciado por chefes de poderes

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(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

‘Comitê anticovid’ nacional chega sob pressão da sociedade, que vê recordes diários da pandemia em todo o país

Os principais chefes dos poderes da República se reuniram na manhã de quarta-feira, 24, no Palácio da Alvorada, em Brasília, para definir parâmetros que possam ser adotados de forma equânime pelas autoridades políticas do país, a fim de combater os efeitos da pandêmica de Covid-19 (coronavírus).
Participaram da reunião representantes do poder político nacional, como o próprio presidente da República; Jair Bolsonaro (sem partido); os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG); da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL); o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), representando o Poder Judiciário, Luiz Fux; além de diversos governadores e ministros de Estado.
Num período exíguo e total de aproximadamente 15 minutos, cada um deles se revezou para apresentar ideias para formar o comitê, sendo que o primeiro deles foi Bolsonaro, que discorreu sobre a necessidade da ampliação da campanha de vacinação e da não politização dos trabalhos: “uma nova cepa, um novo vírus” surgiram no país. Sem que haja qualquer conflito e politização do problema, creio que esse seja realmente o caminho para sair dessa situação”, disse o presidente. Ao mesmo tempo, no entanto, ele voltou a citar a polêmica questão da possibilidade de tratamento precoce da doença, cientificamente já descartado em todo o mundo. “Tratamos também da possibilidade de tratamento precoce. Isso fica a cargo do ministro da Saúde, que respeita o direito e o dever do médico off-label de tratar os infectados”, disse.

TARDIO

Se a coordenação do comitê, já chamado informalmente de “comitê anticovid”, ficará a cargo do próprio presidente Bolsonaro e se ele será novamente “objeto” de discórdia dentre seus membros, o que se avalia é que o anúncio chega de forma tardia, já que atende a pressões de toda a sociedade, no instante em que vê os números de caos, internações e mortes baterem recordes diários em todo o país. Também não foram apresentados prazos para medidas práticas que já começam a se apresentar necessárias, como a compra de equipamentos e insumos para as internações, como oxigênio e o chamado “kit intubação”, por exemplo.

SEM CONVITE

Apesar da representação de boa parte dos chefes de poderes de todo o país, governadores que não são alinhados politicamente com a Presidência da República, como o paulista João Doria (PSDB-SP), por exemplo, não foram convidados a participar do encontro. Em manifestação logo após o anúncio do comitê, Doria disse que no pronunciamento de Bolsonaro “faltou vergonha; faltou verdade”.
Já os representantes dos municípios brasileiros, que são os prefeitos e responsáveis diretos pela vacinação da população, também não foram representados no encontro. Em nota distribuída à imprensa, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) informou que enviou ofício aos chefes de governo federal, do Senado e da Câmara dos Deputados pedindo participação no comitê.
Nesse cenário, a Confederação apontou que é fundamental a representação de prefeitos para que “se concretizem as políticas públicas emergenciais que o momento dramático exige”. Entre as medidas sugeridas estão vacinação em massa, monitoramento de insumos hospitalares, articulação de plantas industriais e medidas restritivas e de comunicação educativo sanitária.

Os principais chefes de poder da República participaram do encontro. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)