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Vacinar dois milhões por dia

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Mario Eugenio Saturno

Em artigo anterior, afirmei que as vacinas derrotariam o coronavírus em maio, ao menos reduziria o número em cerca de 80%, desde que o controle fosse retomado. Apesar do caos atual, temos mais indicadores que o futuro próximo parece ser bom.
O primeiro indicativo é que ao atingir os 300 mil mortos por Covid-19, o deputado federal Arthur Lira e o senador Rodrigo Pacheco sabem que a culpa das prováveis próximas 200 mil mortes não estará mais nas costas do estulto insano presidente da República, mas deles, os presidentes do Legislativo.
Apesar de demitir o ministro da saúde – o general mais incompetente da história brasileira -, o estulto não entendeu que o paciente está com uma infecção grave, já que colocou um cardiologista. E esse médico cardiologista colocou no departamento de infecções outro cardiologista. O que eles têm contra infectologistas? E a primeira ação do ministro foi tentar camuflar as mortes de novo.
O deputado Lira poderia observar os gráficos de casos e mortes por Covid dos EUA e ver que a partir do dia 20 de janeiro as mortes despencaram. V.Excia. está informada que sua ação é necessária para salvar os que ainda morrerão nos próximos meses.
Cada dia conta, senhor deputado, não precisa ser matemático ou infectologista para entender as variáveis dessa equação. Quanto menor for o distanciamento social, maior o número de mortes, como no urânio enriquecido, sem distanciamento, acontece uma explosão assustadora. Existe um limiar em torno de 50%, que estabelece o patamar, precisa aumentar para reduzir o número de mortes. Essa é a variável principal e só terá sucesso se punir os rebeldes, começando pelo insano. Há um ano, a Itália processava 80 mil. E aqui, medo de perder eleitor?
Aumentar número de leitos, como os governadores preferem fazer, é uma ação limitada, não adianta dinheiro, nem mais máquinas, as equipes médicas são limitadas e os medicamentos também, como o kit intubação e o oxigênio que estão acabando. E não estão intubando mais porque não há garantia de remédios. Aliás, não é entubar, que significa dar feição de tubo, mas intubar, que é introduzir cânula na traquéia.
Para piorar, o gráfico de casos indica que as mortes continuarão a subir, já que a curva de mortes segue o de casos com 6 dias de atraso e esse gráfico mostra que os casos subiram nos seis dias anteriores (até 26/3). E cada ação demora cerca de 14 dias para aparecer no gráfico de casos.
Outra boa notícia é que o aumento da proporção de mortes de jovens não é por causa dos novos mutantes, pois vacinando os idosos, esses não morrem, muda-se a proporção, ou seja, o peso dos mais jovens cresce muito. Isso é esperado. Como aumentou muito a quantidade de infectados, parece que o vírus está matando mais jovens que se esperaria, mas é um erro.
No dia 26/3 foram vacinadas 808 mil pessoas e o estoque de vacinas era de dez milhões. As entregas do Butantan passam de 500 mil doses por dia e a da Fiocruz deve atingir isso em breve; é fácil ver que poderemos vacinar um milhão por dia e chegar a dois milhões de doses em maio ou junho. Desde que contenham o insano!

Mario Eugenio Saturno é tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e congregado mariano