No início do mês de maio, a Prefeitura de Itapevi anunciou com certa pompa a decisão do prefeito Igor Soares (Pode) em retomar as aulas presenciais aos alunos da rede municipal no dia 10 daquele mês, uma segunda-feira. Assim como na maioria das cidades brasileiras, as aulas presenciais estão suspensas em razão da disseminação da pandemia de Covid-19.
Na véspera do retorno, no entanto, na sexta-feira anterior, dia 7, a Prefeitura emitiu um comunicado afirmando ter consultado parte da população que, por sua vez, teria manifestado – em maioria – não ser favorável ao retorno das aulas. Alegando agir “democraticamente” ao ouvir a população e, mesmo de última hora, o prefeito Igor suspendeu a retomada das aulas presenciais (Página Zero, eds. nºs 1493 e 1494).
Nesta semana, no entanto, a Prefeitura voltou ao tema, desta vez vinculando o possível retorno dos alunos às salas de aula ao fornecimento de vacinas aos profissionais da educação da cidade. Por isso, ao receber do governo do Estado novas doses do imunizante contra o coronavírus (a vacina AstraZeneca), o poder público municipal anunciou que iniciou tal procedimento nos dias 1º e 2 de junho (terça e quarta-feira). A administração afirma ainda que, como a AstraZeneca sugere 86% de eficácia após a primeira dose, considera ser possível a retomada das aulas no dia 21 de junho (daqui a duas semanas), com pelo menos 50% das turmas.
Para o prefeito Igor Soares, essa etapa de vacinação será um importante passo para a retomada das aulas com segurança. “A educação certamente foi uma das áreas mais prejudicadas com a pandemia. Nem todas as crianças têm equipamentos ou estrutura para acompanhar as aulas virtuais e ainda há alunos que apresentam dificuldades no aprendizado à distância. Com os profissionais protegidos, com a imunidade natural entre a maioria das crianças e todos os cuidados como distanciamento, uso obrigatório de máscara e álcool em gel nas salas de aula, será possível retomarmos as aulas com segurança”, destacou.
SEM EFEITO
Quando divulgou – de última hora – que o retorno do dia 10 de maio havia sido suspenso, a Prefeitura informou ter promovido uma “pesquisa” com a comunidade itapeviense; porém, ao que se sabe, tal trabalho se restringiu a uma consulta popular feita pela internet. A Prefeitura não divulgou, por exemplo, se há algum critério técnico para elaboração ou apuração dos votos da chamada “pesquisa”, que naturalmente pode ter seus resultados manipulados por pessoas ou grupos interessados na apuração final.
Desta vez, ao anunciar o possível retorno no dia 21 de junho, nem a Prefeitura, nem o prefeito Igor Soares admitiram a hipótese de uma nova consulta popular, que muito provavelmente apresentaria o mesmo resultado de negativa para o retorno dos alunos.
Talvez pensando nisso e numa eventual pressão popular, a administração municipal está dando aos pais e responsáveis dos alunos a opção pela retomada ou não dos estudantes, ou seja, não impondo obrigatoriedade de presença a quem assim desejar. Mas a Prefeitura também reforça que os alunos com comorbidades continuarão obrigatoriamente recebendo as atividades on-line.
