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China está vencendo o deserto

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Mario Eugenio Saturno

Enquanto o Brasil destrói suas nascentes pelo desmatamento, tornando áridas terras férteis, a China está transformando um deserto em floresta e fazenda de gado orgânico. Mas os chineses devem estar errados e nós certos… Só que não!
A China tem a oportunidade de alcançar suas metas econômicas e sociais e ser uma civilização ecológica, criar milhões de empregos sustentáveis até 2030, de acordo com o último relatório “New Nature Economy Report” do Fórum Econômico Mundial. A nova análise conclui que dois terços (65%) do PIB total da China correm o risco devido às mudanças climáticas.
Mas se a China fizer rapidamente 15 transições em três sistemas socioeconômicos, a China pode adicionar US$ 1,9 trilhão em oportunidades de negócios anuais e criar 88 milhões de empregos até 2030. E a China já tem sucesso em uma ação no deserto.
Agricultores e pastores da cidade de Bayannur, na Mongólia, norte da China, estão vivendo uma vida próspera graças a uma indústria de laticínios desenvolvida ao lado de pastagens artificiais no deserto de Ulan Buh, o oitavo maior deserto do país, com 14 mil km². A indústria de laticínios no deserto foi desenvolvida por uma empresa local, Bayannur Shengmu High-tech Ecological Forage, com um investimento de 40 milhões de dólares no programa de “florestamento” em 2009, que plantou 97 milhões de árvores e que criou um novo microclima. Depois, começou a cultivar grama, criar vacas e processar leite de acordo com os padrões orgânicos.
Até agora, a empresa criou 15 mil hectares de pastagens orgânicas no deserto e estabeleceu 23 pastagens que atendem aos padrões orgânicos da União Europeia e já conta com mais de 90.000 vacas, para o leite orgânico. Inspirados pelo sucesso da indústria de laticínios, a população local começou a cultivar milho além de outras culturas e vendem diretamente suas colheitas para empresas de laticínios relevantes.
As vacas preferem temperaturas relativamente frias e clima seco. O deserto de Ulan Buh está localizado dentro da zona de latitude geralmente considerada ideal para a pecuária leiteira e conhecida como Cinturão Dourado do Leite Cru. A faixa de temperatura de 0°C a 15°C é favorável para vacas leiteiras e o deserto de Ulan Buh tem uma temperatura média anual de 7,8°C e uma precipitação média anual de aproximadamente 103 milímetros.
Ao contrário de outros grandes desertos na China, o deserto de Ulan Buh é o produto do aluvionamento do curso superior do Rio Amarelo, o segundo maior rio da Ásia, que formou uma espessa camada de solo rico sob a superfície de areia do deserto. A infiltração lateral do curso superior do Rio Amarelo também fornece água subterrânea rasa abundante.
O aquífero desse deserto tem 5,7 bilhões de metros cúbicos de água. A água do curso superior do Rio Amarelo é muito limpa e é purificada à medida que percola através de camadas de rocha, areia fina e cascalho para formar os lagos e aquíferos do deserto.
De um modo geral, os agricultores e pastores que vivem perto do deserto alcançaram prosperidade moderada, uma renda anual de mais de 100.000 yuans (US$ 15.500).

Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano