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Para que serve a escola?

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Bruna Richter

Uma discussão recente, sobre o “homeschooling”, que pode ser definido simplificadamente como um projeto de educação domiciliar, suscita algumas questões antigas, porém muito atuais.
Sabemos sobre a importância da escola e seu lugar fundamental na formação das pessoas. Entendemos esse espaço como imprescindível. Indiscutivelmente, percebemos seu diferencial. Mas, afinal, para que serve a escola?
Sim. Já parto da premissa de que um ambiente de tamanho destaque possui uma serventia, uma finalidade. Essa costuma ser uma das métricas do sistema em que vivemos. E que aqui cabe como parâmetro. Quando colocamos crianças para passar a maior parte de seu tempo nas escolas, certamente as expectativas não se restringem ao âmbito cognitivo ou intelectual. Ou, pelo menos, não deveria ser assim.
A escola é nosso primeiro espaço de socialização para além de nossa família. É nela que vamos iniciar nossa compreensão real de que existem pessoas além de nós. E que esses outros têm enorme importância em nossa formação. No espaço escolar, aprendemos a dividir, a cooperar e a trocar. Nele, desde muito cedo, recebemos ensinamentos sobre empatia, afinidade e afeto. Descobrimos como enxergar, sentir e tocar pessoas.
Possivelmente, isso não faz parte do currículo escolar, tal como a Biologia, a Química e a Matemática — que, por sinal, reforço aqui serem capitais. Contudo, são cada vez mais imprescindíveis em nosso dia a dia. Ainda mais neste momento, em que polaridades cada vez mais se acentuam, onde o discurso de ódio impera soberano, onde a impaciência e a intolerância ganham espaço. Nesse contexto, a escola como espaço de interação é basal.
Homeschooling, em si, não é prejudicial ou benéfico. Caso os pais sejam adeptos dele em paralelo às atividades escolares, acredito que as crianças serão duplamente beneficiadas.
O risco que corremos é de cairmos no reducionismo de acreditar que, ao reproduzir conteúdos programáticos, estamos dando conta de toda a complexa área de desenvolvimento relacional, social, afetivo, intelectual e cognitivo — tal como realmente acontece no espaço escolar. E isso, claramente, não é real.

Bruna Richter é psicóloga graduada pelo IBMR e bióloga graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui pós-graduação em Psicologia Positiva e em Psicologia Clínica, ambas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro