José Renato Nalini
Um mercado sofisticado e exigente requer lideranças adequadas aos desafios postos pela profunda mutação global. Há inúmeros cursos para a formação de líderes e uma tonelagem de obras ensinando como liderar. Só que, aparentemente, grande parte daqueles que exercem autoridade e detêm poder, nunca se preocuparam com isso. É bastante comum a queixa dos subordinados, quanto às atitudes pouco polidas, de excessiva rispidez, de sarcasmo e ironia com que os chefes os tratam.
No afã de transmitir lições de liderança, nem sempre se contempla o conjunto de características daquele que não sabe liderar. Ainda assim, muita gente assim está à frente de uma equipe, a qual comanda e consegue afligir e atormentar a vida de quem trabalha com ela.
Um dos livros recentes que se detém sobre essa chefia tóxica é o de João Paulo Pacífico e se chama “Seja Líder Como o Mundo Precisa”, editado pela Harper Collins Brasil. Ele partiu de uma constatação empírica. Promoveu pesquisa no Linkedin, com mais de cinco mil participantes, para saber quem teria um chefe tóxico. 89% responderam que sim, 8% não tinham essa experiência, mas conhecem alguém que vivencia tal situação, 2% nunca tiveram e – o que é interessante – 1% dos pesquisados se consideram tóxicos.
Na visão de Pacífico, “lideranças tóxicas causam danos à equipe, pois não conseguem ver o potencial das pessoas, enxergam somente os pontos fracos. Elas têm perfil abusivo, são autoritárias, podem ser agressivas e arrogantes, não ouvem críticas, querem sempre que sua opinião prevaleça e exerce pressão constante sobre a equipe, dificultando ainda mais o desenvolvimento dos colaboradores. Essas lideranças possuem mentalidade fixa, ou seja, focam resultados, não o esforço”.
São mais comuns do que se possa pensar. Autocentrados, têm a certeza de que o mundo orbita à sua volta. O pior modelo é o dos que bajulam os seus superiores e espezinham os subalternos.
Estão em todos os setores. Na vida pública e na iniciativa privada. Não podem ser felizes. Mas, com sua alma minúscula, espargem infelicidade nos ambientes que, desafortunadamente, são obrigados a aturá-los.
José Renato Nalini é reitor universitário, docente de pós-graduação e Presidente da Academia Paulista de Letras