André Naves
A normalidade da vida brasileira, baseada nos constantes solavancos institucionais e crises sociais, vai, gradualmente, sendo restaurada após os intensos e calorosos conflitos partidários. Um sentimento misto de medo e esperança com os acontecimentos futuros toma conta de todas as individualidades nacionais. Contudo, a Copa do Mundo chega, providencialmente este ano, após as eleições, para unir o sentimento brasileiro. E quando a Seleção Canarinho entrar em campo, representará, junto com a própria pátria brasileira, os valores da Democracia, da Sustentabilidade Socioambiental e dos Direitos Humanos.
O nosso verde representa não só a nossa biodiversidade pujante, mas sim toda a manifestação da vida em plenitude, seja individual, coletiva ou social; além de sua capacidade de fomentar a ação baseada na esperança de um futuro estruturalmente mais inclusivo. Ou seja, cada pessoa, ao torcer pelo Brasil, cantará em apoio ao verde da vida e do trabalho, na edificação de estruturas sociais sustentáveis, inclusivas e justas.
Ao mesmo tempo, apoiará o amarelo das nossas maiores riquezas pátrias: o nosso povo, em sua diversidade, pluralidade e criatividade anárquica e sorridente. Dessa nossa interação popular, em que cada individualidade, tão diferente em experiências, práticas e pensamentos, mas tão igual em dignidade, deveres e direitos, interage coletivamente, fomentando o nascimento de inovações econômicas e sociais.
O azul de nosso pavilhão nacional representa mais do que apenas nosso “céu risonho e límpido”, mas a utopia que deve guiar e orientar nossa caminhada e ação: a utopia de um Brasil inclusivo e justo; ação essa que deve ser semeada nos bancos escolares, com a aplicação de uma política educacional inclusiva e coordenada com práticas esportivas, culturais e de proteção social, e que floresce pelo trabalho disciplinado, perseverante e ético de todos.
Esse o sentido do lema nacional “Ordem e Progresso”: o esforço criterioso, com as devidas e implícitas moderações do Amor, de todas as individualidades presentes na sociedade, na elaboração de fundamentos coletivos que sejam justos e inclusivos, e, portanto, que determinem o progresso e a evolução de cada pessoa e de toda a Nação.
O branco, assim como universalmente se costuma convencionar, simboliza a Paz. Mas não somente aquela que se conquista pela ausência de conflitos. A Paz retratada pelo nosso branco é a da concretização e aprofundamento dos Direitos Humanos.
Assim, enquanto o verde representa a esperança na vida que deve se realizar; o amarelo, a riqueza de nossa diversidade popular; o azul, a educação e o trabalho pautados pela disciplina e perseverança; e o branco a construção e ampliação progressivas dos Direitos Humanos; a bandeira, como um todo, simboliza o futuro da sociedade brasileira, que há de ser estruturalmente sustentável, inclusiva e justa.
Torcer pelo Brasil, não só agora, como sempre, é atuar ativamente para traduzir em realidade o conjunto de valores da Liberdade, da Inclusão Social e da Justiça! É hexa, Brasil!
André Naves é defensor público federal; especialista em Direitos Humanos e Sociais; escritor, professor e palestrante