José Renato Nalini
Vive-se a era das siglas. Tudo é resumido a algumas letras. Algumas delas são marcantes. Surgem com frequência maior na mídia e nas redes sociais. Duas parecem campeãs: 5G e ESG.
O sistema 5G representará mutação profunda em setores vitais e nos quais a vulnerabilidade brasileira se acentuou nos últimos anos: educação, saúde, turismo e entretenimento. Avizinha-se a possibilidade que era apenas potencial há pouco, de implementação de cidades inteligentes.
A pandemia teve um efeito salutar que foi demonstrar a viabilidade do serviço remoto. Aquilo que assustava as pessoas há poucos anos, evidenciou-se uma solução factível e de impacto. Quando no Tribunal de Justiça de São Paulo, em 2015, se falou em “home-office”, houve mais resistência do que adesão. E foi justamente isso que propiciou uma produtividade extraordinária. Só vantagens advieram das audiências virtuais. Será um retrocesso o retorno puro e simples ao presencial, para aquilo que pode ser melhor alcançado mediante uso da informática, da eletrônica, desse mundo mágico da virtualidade.
O 5G é mais veloz, permite uso de vários dispositivos ao mesmo tempo, propiciará o uso da internet das coisas. E já se fala até em 6G.
Já a ESG, com a simultânea preocupação com o ambiente – tão lesado nestes anos, o que levou o Brasil à condição de “pária ambiental” – o social – redução das desigualdades – e governança – gestão inteligente no governo e na vida privada.
Foram os empresários que primeiro perceberam que investimentos sustentáveis são muito mais lucrativos do que os convencionais. O mundo civilizado abraçou a cultura ESG e quem não a adotar tende a ser descartado e substituído por empreendimentos mais afinados com os ODS, os Objetivos de Desenvolvimento Social da ONU. O Pacto Global é ambicioso e sua meta é próxima: 2030.
Não é uma questão para o Estado, tão despreparado e tão sujeito às vicissitudes da vaidade, da conquista do poder e de proteção exclusiva dos interesses dos políticos profissionais. Não: é uma preocupação de todos os cidadãos e das empresas, essas instituições vitoriosas, que nadaram contra a corrente e sobreviveram.
Todos nós temos de nos interessar pelo 5G e pelo ESG. Já estamos vivenciando o mundo novo. Estejamos aptos a enfrentar seus desafios.
José Renato Nalini é reitor universitário, docente de pós-graduação e presidente da Academia Paulista de Letras