Pedro Cardoso da Costa
Há um consenso desde os leigos até estudiosos e especialistas de que o investimento em educação de qualidade foi a principal razão para os países atingirem o patamar de desenvolvidos. Tanto que é batida a frase de que gasto com educação não é gasto, mas investimento.
A questão é que não há clareza do que seja uma educação de qualidade para qualquer das etapas, desde o ensino infantil, o fundamental e o médio. Não se define quais matérias os alunos devem dominar e o que efetivamente se deve saber para cada uma dessas etapas.
Após essa definição do que e quanto se deve aprender por etapa, seria preciso clarear, também, o elo entre essa aprendizagem e a melhoria socioeconômica das pessoas.
Certo é que não falta quantidade de órgãos e de entidades públicas – e até privadas – cuidando da educação. São 5570 municípios com secretarias municipais de educação, além de órgãos auxiliares, diretores, coordenadores; além do Ministério da Educação e toda sua estrutura burocrática, bem como 26 secretarias estaduais e a distrital, também repletas de órgãos auxiliares.
A quantidade de pessoas que não sabem assinar o nome ou não sabem ler nem escrever demonstra que, na prática, o problema está muito longe de ser resolvido e não há um projeto nacional amplo para enfrentá-lo de fato. Existem muitas teorias, artigos acadêmicos e palpites.
Somente com ações, com a antiga regra de acertos e erros, poder-se-ia chegar a um resultado satisfatório. O Auxílio Brasil deveria ir além de apenas voltar a se chamar Bolsa Escola, e passar a exigir presença mínima e aprovação do aluno para continuar recebendo o benefício. É preciso haver contraprestação. Programas de incentivo à leitura nas escolas, com realização de feiras literárias, seminários, palestras com escritores e sobre épocas, estilos literários. E até criar premiações financeiras para os melhores trabalhos sobre literatura. Hoje, a maioria dos concluintes do ensino médio nunca leu nenhum livro.
É necessário ficar claro a relação entre o aprendizado e os benefícios advindos da educação de qualidade. De quais conceitos teóricos o aluno fixa hábitos como escovar dentes corretamente; de como construir moradias seguras. Qual grau de conforto deve oferecer o transporte público. Quanto se toma de água para manter o organismo equilibrado. Enfim, aprender comportamentos sociais e porque deve cumprir com seus deveres de cidadãos, conhecendo de forma cristalina seus direitos.
Em síntese, cristalizar o que seria uma educação de qualidade e seus resultados efetivos e não apenas ficar nas teorias abstratas, como tem sido até hoje. Como está, seria equivalente a uma pessoa dar início a uma caminhada sem saber o destino certo.
Pedro Cardoso da Costa é bacharel em Direito, estabelecido no bairro de Interlagos, em São Paulo