Dra. Andréa Ladislau
A sexologia, ciência que estuda o comportamento sexual humano, nos mostra que o sexo não pode ser visto apenas como um ato sexual em si, mas sim como toda a sexualidade contida nos padrões de comportamentos de uma sociedade.
Além disso, os avanços tecnológicos, a vida acelerada, a carência de afeto, os julgamentos, os medos, as angústias, entre outros aspectos psicológicos e sociais, são fatores decisórios para que o ser humano classifique a sexualidade como sendo um dos indicadores de qualidade de vida que influencia a saúde física e mental, pensamentos, sentimentos, ações e integrações. Pois o sexo acaba sendo uma válvula de escape das tensões.
Apesar da incidência forte de tabus e preconceitos relacionados ao tema, a sexualidade é uma fonte de prazer de extrema importância para a humanidade. O alívio das tensões se dá, pois, o orgasmo é uma espécie de descarga que libera substâncias como a endorfina, serotonina, dopamina e ocitocina.
Cada uma delas provoca estímulos diferentes em nosso corpo proporcionando diversos benefícios. Estimulado, o cérebro reage com sensações de bem-estar, de conforto, melhoria do estado de humor, através de uma elevada produção hormonal e, consequentemente, alcançando o tão desejado relaxamento e trazendo o alívio da tensão.
Além disso, podemos perceber uma melhora no poder de movimento, na atenção e na memória. Ganhos psíquicos adquiridos através do sexo que também contribuem para a ampliação da visão, da audição e do aumento das células de defesa, auxiliando, assim, o aumento da imunidade.
Porém, a sexualização ou o ato de sexualizar possui limites? Até onde se pode sexualizar, se entregando ao prazer sem invadir os limites do outro e sem vulgaridade?
Bem, existe aqui uma linha tênue que mostra que a exploração do prazer, considerando a energia sexual como canalizadora do alívio das tensões cotidianas e da satisfação pessoal, sem culpa e sem tabus, vai depender de como esse indivíduo encara o seu processo de intimidade.
A materialização dos desejos e fantasias precisa ser acordada e consentida entre ambos os parceiros, tendo estes a plena consciência do poder e do domínio de seu corpo e de suas sensações.
O vulgar está na mente do ser humano. O que um considera vulgar o outro pode não considerar. É muito subjetivo. No entanto, cada um deve cuidar de seus excessos e descortinar o desconhecimento do próprio corpo que, muitas vezes, originado pela culpa e pelo medo resultantes da falta de intimidade com ele, abre portas para a instalação de disfunções sexuais e transtornos psíquicos relacionados ao sexo.
Portanto, a sexualização e a prática do sexo consciente e seguro não apresentam qualquer contra indicação. Pelo contrário, ajudam a descarregar as tensões e não surtar com as pressões diárias, aumentando a autoestima e estimulando o autoconhecimento do corpo e das emoções.
Ou seja, a busca pelo relaxamento e a descarga mental são essenciais para aliviar o estresse, a angústia, as frustrações e as incertezas cotidianas. Liberte-se dos tabus e permita-se sentir desejo.
Desejar e se sentir desejado, sem culpa. Explore fantasias e entenda o sexo, a sexualização racional e o orgasmo como mecanismos de auxílio de seu bem estar e de sua satisfação, sem preconceitos.
Porém, sempre com muita cautela, responsabilidade, respeito aos desejos e limites do (a) parceiro (a). Assim a vulgaridade, ou os julgamentos e rótulos, não terão vez, já que abrirão espaço para uma vivência do prazer íntimo e pessoal, saudável e necessário a todo e qualquer ser humano.
Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea