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Os macacos da Criação

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Mario Eugenio Saturno

Quando abandonei o ateísmo e converti-me à fé cristã, concebi um Deus inteligente, que bastaria criar um universo com leis apropriadas para que o ser humano fosse criado. Imaginava a Palavra criadora ou as mãos modelando o ser humano como sendo as constantes universais da Física e da Química. Então, deparei-me com os criacionistas…
O Criacionismo ensina que Deus criou o homem diretamente, modelou em barro e soprou-lhe a vida, isso sem o Evolucionismo de Charles Darwin (que não disse que o homem veio do macaco, mas humanos e macacos tiveram ancestrais comuns). Pensei, deduzi, inferi, matutei e, então, conclui que os criacionistas acreditam que o homem veio do macaco.
Veja em um simples exercício de silogismo: (1) Os cientistas descobriram o ácido desoxirribonucleico (um composto orgânico que contém as instruções genéticas dos seres vivos e alguns vírus, e que transmitem as características hereditárias) e, depois, que a diferença genética entre os humanos e os chimpanzés é de apenas 1,3% (ou 98,7% de igualdade). (2) Segundo a Bíblia, Deus criou primeiro o chimpanzé, depois o homem. (3) Logo, Deus pegou o projeto do chimpanzé e acrescentou 1,3 ponto percentual de DNA para melhorar!
Obviamente, quando falamos em diferença ou igualdade, falamos da “função”, já que nem minhas filhas terão tantas igualdades, a começar que elas não têm meu cromossomo Y. Dessa forma, podemos ver semelhança até entre o DNA de um ser humano e o de uma formiga.
Há “cientistas” que dizem que a semelhança entre macacos e humanos não passa de 70%, mas, mesmo assim, não percebem que Deus estaria usando um projeto já pronto e acrescentando 30 p.p., não me parece que Deus seja preguiçoso, mas sim inteligente.
O Projeto do Genoma Humano começou em 1990 com o objetivo de determinar a sequência dos 3,2 bilhões de pares de bases do DNA humano, as informações hereditárias e instruções para construir e manter o funcionamento das células, tecidos e órgãos. Foi concluído em 2000. Estima-se que custou US$ 3 bilhões. Logo depois foi lançado o Projeto Genoma dos Grandes Primatas, o sequenciamento do chimpanzé foi concluído em 2005, o do orangotango em 2011 e do Gorila e do Bonobo em 2012.
A equipe de Svante Pääbo conduziu estudos do DNA que comparam fragmentos do DNA humano ao de outras espécies. Em 1997, comprovaram que o ser humano não descende do homem de Neanderthal, extinto há 30 mil anos.
Já se descobriu que o gene FOXP2 é responsável pela habilidade de associar palavras a imagens e experiências e está presente apenas nos humanos. Outra diferença é que o ser humano apresenta 23 pares de cromossomos, enquanto os macacos têm 24, mas isso se deve ao fato que dois cromossomos dos humanos fundiram-se, porém os mesmos genes estão ali. Outra diferença significativa é a capacidade do ser humano armazenar gordura, de 14% e 31%, enquanto os outros primatas possuem taxas de gordura corporal de menos de 9%, uma vantagem para nossos cérebros desenvolvidos que necessitam de muita energia.
Pequenas diferenças que nos tornam a espécie mais construtiva e destrutiva do planeta Terra.

Mario Eugenio Saturno é tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano