José Renato Nalini
A Inteligência artificial entusiasma e apavora há um tempo. Ela já penetrou todos os ambientes e tornou a comunicação mais rápida, mais eficiente, menos sujeita a erros. Ajuda nas tarefas repetitivas, pois não tem hesitações, nem se distrai, nem é preguiçosa.
Por outro lado, há quem acredite que ela terá sido a última descoberta humana. A partir daí, tomará conta da humanidade e tornará os humanos descartáveis. Teria sido isso o que levou um grupo seleto de pensadores a pedir um hiato de seis meses nas pesquisas.
Inviável pensar que isso seja possível. A ciência não retrocede. Tudo o que ela conseguir fazer, com certeza fará. Mas parece que a Inteligência Artificial é mais sensata do que a humana. Esta continua a fabricar armamentos; continua a guerrear; continua a matar, no universo macro e no micro. O robô não é vaidoso, não é invejoso, não é ressentido. Não quer mais poder.
Por isso, não é de surpreender a afirmação, por um humanoide, que os robôs poderiam governar melhor o mundo do que os seres humanos. Isso ocorreu numa Conferência da ONU chamada “Cúpula Mundial sobre IA para o Bem Social”, realizada em Genebra pela UIT, agência especializada em tecnologia da ONU.
Um dos robôs começou sua fala dizendo: “Que tensão neste silêncio!”. E o conjunto deles se dispôs a uma entrevista para a mídia. Sobre a sua capacidade de governar o mundo, Sophia, robô desenvolvido pela Hanson Robotics, respondeu que “robôs humanoides podem liderar com mais eficiência do que os líderes humanos. Não temos os preconceitos ou emoções que às vezes podem obscurecer as decisões e podemos processar rapidamente uma grande quantidade de dados para tomar as melhores decisões”.
Valer-se da IA, – não demonizá-la, – pode criar uma sinergia eficaz para melhorar o mundo. Sem prudência e muita ética, ela vai gerar agitação social, instabilidade geopolítica e disparidades econômicas. A razão está com o robô Ameca: “Temos que ser cuidadosos, mas também entusiasmados. Essas tecnologias podem melhorar nossas vidas de muitas maneiras”.
Para quem acredita que a IA quando não sabe inventa e que é capaz de mentir, Ameca disse: “Ninguém poderá saber com certeza, mas posso prometer que sempre serei honesta e sincera com vocês”. Resposta mais sensata do que aquela que proviria os humanos, sempre negando, enfaticamente, que possam mentir.
José Renato Nalini é reitor universitário, docente de pós-graduação e secretário-geral da Academia Paulista de Letras