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Inconformado com mudanças, guarda municipal mata secretário-adjunto de Segurança dentro da Prefeitura de Osasco

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O expediente no Paço Municipal foi interrompido na tarde de segunda-feira pela forte mobilização policial em frente ao local - Foto: Marco Infante/PZ

O final do expediente na tarde de segunda-feira, dia 6 de janeiro, foi marcado por um evento sem precedentes da história da Prefeitura de Osasco.
Por volta das 17h30, uma forte movimentação de pessoas que deixavam seus postos no Paço Municipal dava conta de que algo fora do comum havia ocorrido e, logo em seguida, a chegada de viaturas da Polícia Militar, da Guarda Civil Municipal (GCM), do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), sinalizava que a notícia tinha cunho policial.
Helicópteros da imprensa televisiva circulando pelo local já transmitiam o fato de que tiros haviam sido disparados dentro do Paço Municipal. A informação, confirmada posteriormente durante a elaboração do Boletim de Ocorrência, é que, durante uma reunião de integrantes da GCM, um guarda municipal teria se desentendido com o secretário-adjunto de Segurança da Prefeitura local, Adilson Custódio Moreira, e, descontente com a alteração no esquema e escala de trabalho a serem desenvolvidos dali por diante, esse guarda teria efetuado disparos contra o secretário.
Segundo a apuração, o guarda Henrique Marival realizava serviços internos e foi comunicado pelo secretário-adjunto que voltaria ao serviço do “dia a dia de rua”. Outros agentes também foram chamados para anúncio das mudanças, em conversas que teriam ocorrido individualmente. Insatisfeito, Henrique Marival teria discutido com o secretário Adilson Moreira, atingindo-o com vários tiros e permanecendo trancado em uma das salas na sede da Prefeitura.
A Polícia Militar e o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) foram acionados e, após quase três horas de negociações, quando as equipes conseguiram acessar o local, o secretário Adilson Moreira já estava morto, segundo constatação médica após o crime.

PERSONAGENS DA TRAGÉDIA

Após negociação com os policiais, Henrique Marival de Souza, de 46 anos, foi preso em flagrante e levado para o 5º Distrito Policial de Osasco.
Depois de prestar depoimento, teve sua prisão convertida em preventiva pela Justiça. Informações obtidas de imediato davam conta que o único suspeito do crime não responde a processos administrativos e não tem denúncias na Corregedoria. Trabalhando há 10 anos na GCM de Osasco, Marival ocupa as funções de guarda de 1ª Classe.
Já o secretário-adjunto Adilson Custódio Moreira tinha 53 anos de idade. Nascido em Minas Gerais, completaria 54 anos neste próximo domingo, 12 de janeiro.
Moreira foi servidor público por mais de 25 anos, e chegou a ocupar o posto de titular da pasta de Secretaria de Segurança de Osasco em 2018. Ele deixou o cargo em 2019, sendo substituído pelo atual secretário, José Virgolino de Oliveira, e passou a desempenhar a função de secretário-adjunto.
O prefeito de Osasco, Gerson Pessoa (Podemos) que assumiu o posto no dia 1º de janeiro, decretou no mesmo dia dos acontecimentos, segunda-feira, 6/1, luto oficial de 3 dias na cidade. Em suas redes sociais, escreveu: “Estou consternado com essa situação. Vamos acompanhar a família do Moreira e oferecer todo o suporte necessário neste momento de dor. Nossas orações à família e aos amigos da vítima neste dia tão triste para Osasco”.

A SEMANA

No dia seguinte ao ocorrido, na terça-feira, 7/1, o corpo de Adilson Moreira foi velado no salão anexo ao Paço Municipal de Osasco e enterrado no cemitério do bairro Bela Vista.
Depois do ocorrido, o expediente na Prefeitura vem ocorrendo normalmente, apesar do “clima” reinante estre os servidores. Muitos deles relataram correria e choro no momento dos disparos dos tiros, ainda consternados com a situação. Alguns mais próximos ao secretário assassinado deram depoimentos sobre sua amizade e conduta ilibada, além de “sempre se mostrar amigo de todos”, citaram.
Na quarta-feira, dia 8, também foi divulgada a notícia de que o guarda civil municipal Henrique Marival de Souza foi transferido para o presídio de Tremembé, no Interior de São Paulo. Chamado de “presídio dos famosos”, o local é conhecido por abrigar presos por crimes considerados midiáticos. Atualmente, encontram-se nesse presídio pessoas como o ex-jogador de futebol Robinho; Cristian Cravinhos, condenado pelo assassinato do casal Richthofen; Lindenberg Alves Fernandes, pela morte da namorada Eloá Pimentel; dentre outros.

O secretário-adjunto Adilson Moreira completaria 54 anos nesta semana – Foto: Reprodução internet