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Governo do Estado cobrará estacionamento dos usuários do Parque Gabriel Chucre a partir da próxima semana

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Foto: Adilson Paim

Mobilização em Carapicuíba não funciona e estacionamento no Parque Gabriel Chucre deve começar cobrança já na próxima semana

Há pouco mais de um mês, a população carapicuibana, principalmente aquela que frequenta as dependências do Parque Gabriel Chucre, no Centro da cidade, foi surpreendida com a divulgação de que o estacionamento num dos principais centros de lazer e serviços públicos da cidade passará a ser cobrado, mudando-se a atual condição gratuita no local.
Desde então, autoridades das mais diversas, como vereadores e até um ex-prefeito, começaram a se mobilizar, tentando fazer com que a Prefeitura esclarecesse o processo, já que a municipalidade disponibiliza dentro do Parque uma Unidade Básica de Saúde (UBS), um Centro de Fisioterapia e uma creche, e a cobrança irá impor sérios custos aos frequentadores não só voltados ao lazer, mas também – e principalmente – aos usuários desses serviços básicos.
Descobriu-se, então, que, como o Parque é administrado pelo governo do Estado, sob tutela da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), a iniciativa não partiu da Prefeitura e, sim, do governo paulista.

QUESTIONAMENTOS

Se moradores e autoridades já reclamavam sobre a simples imposição de cobrança, veio à tona também o fato de que até uma empresa já estava contratada para prestar tal serviço e foi ela, a Maat Logística e Serviços, quem tratou de afixar faixas e cartazes no local dando o aviso da cobrança que deve começar a vigorar já na próxima semana, a partir do feriado de 20 de novembro. Nem a Prefeitura, que disponibiliza serviços no local, nem o governo do Estado adotaram medidas para que a informação chegasse de forma mais ampla à população, tampouco dando detalhes como valores da cobrança, horários, possíveis isenções, etc.
A maior das mobilizações partiu da Câmara Municipal e de questionamentos formais formulados pelos vereadores. Alguns deles apresentaram pedidos de esclarecimento dirigidos ao governo do Estado, como Bruno Marino (Podemos) e Professor Ladenilson (MDB). Já o parlamentar Fabinho Reis (PSD), talvez prevendo que os questionamentos não surtiriam efeito, apresentou uma Indicação já pedindo que os usurários dos serviços básicos dentro do Parque Gabriel Chucre tenham algum tipo de isenção no pagamento das tarifas. Na sessão da Câmara desta semana, dia 11/11, o vereador José Carlos Adão (PSD) apresentou uma Moção de Repúdio à privatização do estacionamento, aprovada pelos demais vereadores.
Pelas redes sociais, pelo menos duas mobilizações chamam a atenção, iniciadas pelo ex-prefeito Sergio Ribeiro e a ex-vereadora Cida Carlos (ambos do PT). Eles procuraram mobilizar a população com distribuição de panfletos no último final de semana e até disponibilizaram um abaixo-assinado pela internet para que a população manifeste-se contrária à cobrança.

LICITAÇÃO

Ao contatar a empresa Maat Logística e Serviços, que tem sua sede localizada na cidade de Cascavel, no Paraná; e também os órgãos públicos, a reportagem do jornal Página Zero descobriu que a concessão do serviço foi formalizada através de um processo de licitação na modalidade de Pregão Eletrônico. O Edital nº 90010/2025/CCP, emitido pela Coordenadoria de Parques e Parcerias da Semil, foi publicado em 20 de agosto último e sua abertura aconteceu em 4 de setembro. Além da “permissão de uso qualificado e remunerado do estacionamento”, o mesmo edital também englobava a permissão de uso do local para a instalação de lanchonete e food truck no local. O custo previsto do contrato (previsto no edital) era de R$ 118.650,96.
Nem a empresa Maat, ao atender aos telefonemas da reportagem e tampouco a Semil deram detalhes do contrato firmado entre as partes, com detalhes como valores iniciais do estacionamento, por exemplo.
A funcionária da empresa, apesar de atender aos telefonemas, não se pronunciou em relação ao e-mail encaminhado pelo Página Zero. Já pela Semil, um de seus assessores de Comunicação utilizou-se do Whats App para responder e, de forma resumida, escreveu o seguinte: “A Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo (Semil) informa que a permissão de uso para o estacionamento do Parque Gabriel Chucre tem por propósito promover a melhoria na oferta de serviços aos frequentadores. O permissionário terá a obrigação de disponibilizar serviço de seguro para os veículos, monitoramento interno e equipe de atendimento capacitada, proporcionando maior tranquilidade aos usuários durante sua permanência no parque. O início da cobrança está previsto para o dia 20 de novembro de 2025. Desde 20 de outubro de 2025, a pasta vem comunicando os frequentadores sobre a medida. Haverá um período de tolerância de 15 minutos para entrada e saída sem pagamento. O valor do ticket será compatível com os praticados na região. A proposta prevê cobrança por hora de uso, com possibilidade de tarifa única para períodos mais longos, oferecendo flexibilidade aos visitantes”; porém não especificou quais os valores serão adotados.
Nem a Maat, nem a Semil deram detalhes do contrato assinado após o processo licitatório; e tampouco ele está disponibilizado no Portal da Transparência do órgão público estadual.

‘PROVIDÊNCIAS?’

Algumas dessas mobilizações ou manifestações de autoridades e lideranças comunitárias dirigem suas críticas à própria Prefeitura de Carapicuíba avaliando que, se a administração não tem ingerência sobre o local que é gerenciado pelo governo do Estado, ao menos deveria se impor junto às autoridades estaduais tentando impedir o início da cobrança do serviço.
Diversos questionamentos semelhantes aos encaminhados à empresa Maat e ao governo do Estado é à Semil também foram enviados pela reportagem do jornal Página Zero à Prefeitura de Carapicuíba. Pelo WhatsApp, um de seus assessores de Comunicação enviou a seguinte resposta: “A Prefeitura de Carapicuíba informa que não foi oficialmente comunicada pelo governo do Estado sobre essa questão e já está tomando as providências necessárias para garantir que não haja qualquer tipo de cobrança aos munícipes que utilizam os equipamentos públicos do Parque Gabriel Chucre. A Administração Municipal reforça que o acesso aos espaços e serviços municipais é totalmente gratuito e que preza pela transparência e pelo bom atendimento à população”.
Apesar da afirmação sobre “transparência”, a nota divulgada pela Prefeitura não forneceu detalhes sobre quais são as “providências necessárias” que está adotando.
Todas as informações foram registradas nesta matéria até o fechamento de sua edição, ocorrido na tarde de quinta-feira, 13/11; e poderão ser atualizadas a qualquer tempo.

O Parque Gabriel Chucre comporta diversos serviços básicos oferecidos à população – Foto: Adilson Paim