Prof. Dr. Valmor Bolan
Um dos efeitos da globalização foi a integração de todos os povos e culturas, um maior intercâmbio de tudo e todos, principalmente pelos meios de comunicação, redes sociais e muitas outras formas de conectividade e comunicação. Aos poucos, a sociedade foi ficando mais multicultural, com a impressão de que estaria havendo uma perda das identidades culturais locais e regionais. O fenômeno ainda continua em curso, com mais aumento de troca de informações, com as tecnologias digitais disponíveis. Ainda não sabemos mensurar ganhos e perdas nesse processo, pois a tendência é ainda se intensificarem as interações, em todas as partes do mundo.
Como a Educação irá refletir tais mudanças? O fato é que precisamos estar abertos e sermos mais flexíveis, para compreender o que ocorre e buscar o que há de melhor, para que possamos aproveitar as possibilidades existentes para uma formação humana mais enriquecedora em todos os aspectos.
“Educar é apostar e dar ao presente a esperança que rompe os determinismos e fatalismos através dos quais o egoísmo dos fortes, o conformismo dos fracos e a ideologia dos utópicos tentam se impor tantas vezes como o único caminho possível”, afirma o papa Francisco. É a partir do entendimento disso, que devemos ter mais disponibilidade ao outro, ouvir mais, estarmos abertos às demais culturas, para que a Educação seja efetivamente integradora. E acrescenta: “O mundo contemporâneo está em transformação contínua, vendo-se agitado por variadas crises. Vivemos uma mudança epocal: uma metamorfose não só cultural mas também antropológica, que gera novas linguagens e descarta, sem discernimento, os paradigmas recebidos da história. A educação é colocada à prova pela rápida aceleração – a chamada rapidación –, que prende a existência no turbilhão da velocidade tecnológica e digital, mudando continuamente os pontos de referência. Neste contexto, perde consistência a própria identidade e desintegra-se a estrutura psicológica perante uma mudança incessante que contrasta com a lentidão natural da evolução biológica” (Francisco, Carta enc. Laudato si’, 18).
Nesse sentido, a Educação desempenha um papel importante, em todos os níveis e em toda a sociedade global, na medida em que o educador não apenas transmite informações, mas faz pensar sobre as informações transmitidas, propõe análises (especialmente no ensino superior), desafiando as universidades na reflexão de toda essa mudança, para que possamos objetivamente ter mais dados para que compreendamos melhor o que vem ocorrendo. É desse pensamento crítico que surgirão novos olhares sobre a realidade e novas propostas. É assim que teremos condições mais propícias para encontrar melhores soluções aos desafios do momento.
Valmor Bolan é doutor em Sociologia, professor, ex-reitor e dirigente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. É pós-graduado em Gestão Universitária pela Organização Universitária Interamericana, com sede em Montreal-Canadá
