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Estamos na era figital

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José Renato Nalini

As TICs – Tecnologias da Informação e da Comunicação mudaram a vida. Fala-se hoje na era “figital”, ou seja, algo que é simultaneamente físico e digital. Também se invoca a vida “onlife”, contração de online com life, vida. Nem bem nos acostumamos com isso e chega o metaverso.
Depois da pós-verdade, que é o reino das fake News, atingimos o momento pós-presencial. A distância física deixou de ser empecilho. Vê-se nas conversas que se podem manter a milhares de quilômetros de distância, com perfeição de imagem que seria inimaginável há algumas décadas. As cirurgias feitas à distância multiplicam as possibilidades de tratamento e cura de inúmeras enfermidades.
Recentemente participei de escritura lavrada em tabelionato, sem sair de casa. Muitas outras novidades surgirão. O Pix é uma realidade da qual já nos servimos com desenvoltura. O Banco Central apurou que em dezembro de 2020 foram efetivados 1,4 bilhão de pagamentos instantâneos. Quase metade disso foi realizado entre pessoas físicas: “person-to-person” ou P2P.
Veja-se o que aconteceu com os bancos. Hoje abre-se conta pela internet, faz-se transferência, pagamento, aplicação. As agências desaparecem. Há uma conhecida e popular instituição bancária que resolveu ingressar no ramo da construção civil e faz incorporações, pois sobraram inúmeros imóveis antes ocupados por agências hoje desnecessárias.
Impressionantes as mudanças. O metaverso é um ambiente 100% online, que vai intensificar a noção de smart cities, as cidades inteligentes, com interligação integrada de todos os sistemas operacionais. Trânsito, iluminação, fornecimento de água, gás e luz, veículos autônomos e tanta coisa mais que sequer imaginamos.
Só que isso convive com trinta e três milhões de semelhantes passando fome, com violência intensificada pelo uso de armamento pesado, com a disseminação de inverdades surreais, como o terraplanismo, a conspiração xenófoba, a exclusão de milhões de seres humanos, privados do mínimo existencial necessário à fruição da dignidade.
É urgente levar a sério a educação digital. Conclamar todos os humanos de boa vontade e lucidez a se devotarem a essa causa da pacificação. O de que o Brasil tem falta é de respeito, solidariedade e amor. Isto a Quarta Revolução Industrial não consegue fazer, sem o investimento pessoal de cada um.

José Renato Nalini é reitor universitário, docente de pós-graduação e presidente da Academia Paulista de Letras