Prof. Dr. Valmor Bolan
O chatgpt é um robô virtual que está, aos poucos, fazendo parte do dia-a-dia de muitos, estudantes e profissionais, que reconhecem que a inteligência artificial pode ter muita utilidade em meio aos tantos desafios da atualidade, numa sociedade globalizada, cada vez mais exigente e complexa. Mas a questão é: o chatgpt sabe tudo? Qual o limite de sua utilização? Ele irá substituir a capacidade humana na pesquisa e elaboração de textos? Irá acomodar as pessoas, comprometendo assim o pensamento crítico? Esses e outros questionamentos são feitos por muitos, sem respostas ainda, mas certamente serão objetos de debates no meio acadêmico, do mundo todo.
“São questionamentos sobre a possibilidade de forte ruptura em áreas como criatividade, aprendizado e educação, trabalho, segurança digital — e a própria democracia”, como afirmou um artigo recente no jornal The New York Times. Segundo os autores, “o que antes era uma pessoa expressando sua opinião política agora pode ser apenas um robô que gera artificialmente um argumento”, afirma Shin Suzuki. E acrescenta: “as consequências para a humanidade de seu uso em larga escala ainda precisam ser totalmente compreendidas. O salto evolutivo desse novo sistema está no poder de gerar conteúdo de forma bastante coerente e também por conseguir ‘soar mais humano’”.
Na prática, o chatgpt irá se tornar parte do nosso dia-a-dia, certamente como complemento e não substituto da capacidade humana de pensar. O chatgpt não saberá tudo, porque o conhecimento humano está a cada dia trazendo novidades. Como robô, o chatgpt, está apto a fazer só o que foi programado, e o conhecimento humano abrange muito mais do que informação. Nesse sentido, assim como hoje o computador faz parte da nossa vida, as pesquisas no Google e tudo o mais, o chatgpt veio para acrescentar e tornar mais ágil e eficaz o trabalho intelectual. Mas o ser humano, de modo algum, ficará diminuído com a contribuição da inteligência artificial, porque a criatividade e a inteligência humana sempre superam e surpreendem.
Esperamos, portanto, que o chatgpt seja mais uma ferramenta auxiliar, para o melhor exercício das nossas atividades que requerem informações mais precisas. Do ponto de vista educacional, por exemplo, o professor que ensina poderá ser suplantado pelo robô, mas o professor que forma jamais o será. O professor que informa pode desaparecer, o professor (mestre) que forma jamais desaparecerá da sala, seja a presencial seja a virtual.
Valmor Bolan é doutor em Sociologia, professor e ex-reitor e dirigente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. É pós-graduado em Gestão Universitária pela Organização Universitária Interamericana, com sede em Montreal/Canadá