Aline Tayná
A liberdade de escolha carrega consigo definições equivocadas, onde muitos acreditam que liberdade é fazer tudo que quer, muitas vezes sem considerar as consequências, ou quem será atingido por tal escolha. No entanto, o existencialismo entende como uma definição clara de liberdade a possibilidade de fazer escolhas. Sartre diz: “Estamos condenados a ser livres”, e isso significa que não há como não ser livre, pois não podemos não escolher.
Fazer escolhas não é um processo fácil, pois implica avaliar as opções e também renunciar. Todos nós carregamos conosco a liberdade de escolha, porém cada um realiza suas escolhas a partir de suas perspectivas e experiências de vida.
O ato de escolher é algo totalmente inevitável, pois a todo o momento precisamos decidir por alguma coisa. Por exemplo, ao se deitar, você escolhe fechar seus olhos e tentar dormir ou mexer no celular até pegar no sono. Ao ser convidado para um evento, você tem o direito de escolher aceitar ou recusar o convite, e o mesmo acontece em tantas outras realidades ao longo de apenas um dia.
A escolha nem sempre é algo agradável, pois pode ser muito angustiante refletir sobre os prós e contras de qualquer decisão a ser tomada. Pois, a partir do momento que conscientemente fazemos uma escolha, carregamos a responsabilidade sobre a mesma. Contudo, nem sempre acertamos em nossas escolhas, o que deveria nos garantir certo aprendizado, pois como é de conhecimento popular “devemos aprender com nossos erros”.
Considerando o processo de escolha em cada faixa etária, devemos começar ensinando nossas crianças a refletir sobre a importância de uma boa escolha, a partir da avaliação dos desejos momentâneos, sem se deixar levar pelo imediatismo. Como dito anteriormente, ao fazermos uma escolha renunciamos uma possibilidade.
A liberdade de escolha é uma habilidade que deve ser estimulada ao longo de toda nossa existência, visto que a forma como vivemos é um ato de escolha. Por isso, é importante considerar nossas vivências ao ensinar nossos filhos, sejam eles crianças ou adolescentes, que “viver é isto: ficar se equilibrando todo o tempo entre escolhas e consequências” (Sartre).
Se um pai ou uma mãe mostra para o filho pequeno que se ele não guardar os brinquedos ficará sem assistir a um desenho, está levando a criança a refletir sobre a consequência. O mesmo deve ser feito com o filho adolescente quando ele pede para sair com os amigos, ou seja, é necessário que os pais apresentem os pontos que o levarão a refletir antes de dizer sim ou não (liberdade de escolha).
Nossas escolhas não devem ser feitas a partir de uma verdade absoluta, pré-determinada, mas de uma leitura consciente das possibilidades.
Não existe uma idade certa para estimular o que é certo ou errado, pois todos os dias nós somos modelo de escolha para o outro, principalmente para nossos filhos. Por isso, é importante, antes de tudo, conversar e deixar claras as opções, as consequências e a responsabilidade que eles têm sobre suas próprias escolhas.
Aline Tayná de Carvalho Barbosa Rodrigues é psicóloga escolar no Instituto
Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP)