José Renato Nalini
Não é invenção. A revista científica “Plos One” publica um estudo que constatou 171 trilhões de partículas de plástico, ou sejam, 2,3 milhões de toneladas nos oceanos. Isso equivale ao peso de dez mil baleias azuis ou 5.137 aviões Boeing modelo 747-8 totalmente carregados.
Isso significa acidificação das águas marinhas, o aumento do nível do mar, crescente poluição, erosão da costa, insustentabilidade da pesca, aumento da temperatura das águas e, ao final, morte!
Foram analisadas 11.777 estações de medição no mundo inteiro, entre 1979 e 2019. Essa, a maior ameaça à subsistência das espécies marinhas. Estima-se que praticamente todas as aves marinhas da Terra já ingeriram plástico e que os oceanos terão mais plástico do que peixe dentro em breve. Isso não é ameaça apenas para a fauna. A espécie humana também corre risco de desaparecer.
A Organização Mundial de Saúde – OMS já constatou aumento da incidência de enfermidades decorrentes do consumo de mariscos. Esse é apenas um dos temas para o Relatório Global do Estado do Oceano, a ser divulgado em 2025.
Mais uma tragédia resultante da ignorância e do egoísmo da raça humana. O mar, que é tão importante para a saúde, para a economia e para o ambiente, está sendo envenenado a um ritmo nunca visto. A Ciência não descansa ao advertir a humanidade. Dentre os principais problemas, aponta-se, por exemplo, a acidificação do oceano. A vocação natural do mar é funcionar como esponja do dióxido de carbono. Contaminado, ele deixa de ser um sumidouro de carbono e isso apressa o fim da história. Depois, o nível do mar vai acabar com inúmeras comunidades. O aquecimento do oceano está confirmado.
Tudo o que depende do homem, continua péssimo. A pesca predatória ameaça mais de 60% das espécies de peixes. E a poluição difusa deriva de 25 milhões de toneladas de resíduos que são despejadas por ano em todos os mares. Isso multiplica as chamadas “zonas mortas” dos oceanos. É significativo que, diante das mudanças climáticas, esqueça-se o ser humano de que setenta por cento do planeta é água. Água é vida. Envenenar a água é acabar com a possibilidade de vida.
Convertam-se, humanos! Chega de sujeira marítima!
José Renato Nalini é diretor universitário, docente de pós-graduação e secretário-geral da
Academia Paulista de Letras