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Eleições municipais, as mais próximas do povo

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Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

Estamos vivendo os primeiros instantes de 2024, um ano que promete ser agitado e transformador. Elegeremos em outubro os prefeitos dos 5.568 municípios e, com eles, mas 11 mil vereadores. É o tempo em que se renova a autêntica base política do país. Vale lembrar que o prefeito e o vereador são os detentores de mandato mais próximos do eleitor, pois são obrigados a ter domicilio físico e eleitoral no município e, por conta disso, são cobrados e fiscalizados diariamente pelos que os elegerão. Diferente do presidente da República, governador do Estado, senadores e deputados (federais e estaduais) que trabalham em Brasília ou na capital do seu Estado, distante de quem os elegeu. Boa parte deles é tão ausente e ensejam a crítica de que só aparecem a cada quatro anos, para pedir novo voto.
Independente das observações de caráter comportamental, é importante que o eleitor – que só pode influenciar na hora em que vota – escolha da melhor forma possível aqueles que deverão representá-lo nos postos políticos. Não o faça em troca de dinheiro, favor ou qualquer coisa banal. Que escolha aqueles que, na sua opinião, possam administrar melhor a cidade e ter uma atuação mais adequada na Câmara de Vereadores, encarregada de fiscalizar a atuação do governo municipal. Uma vez dado o voto, a próxima oportunidade só acontecerá dentro de quatro anos e, se as coisas não forem bem, pouco adiantará reclamar.
Apesar de todo o palavrório de que vivemos numa democracia, o sistema político desenvolvido a partir da redemocratização (ocorrida em 1985) deixa muito a desejar. O meio ganhou vícios que o fragilizam, desagradam o povo e só favorecem os caciques políticos. A conveniência das diferentes correntes ideológicas levou-as à polarização e ao regime de briga permanente. Em vez de adversários, são inimigos e um fala mal do outro, deixando o povo sem entender o que ocorre e tornando fanáticos os menos informados. O ideal seria que, em vez da briga, cada corrente em disputa procurasse fazer o melhor para o povo, mas isso há muito tempo ocorre, se é que algum dia já ocorreu.
O sonho de todos os que pensam no bem-estar geral é acabar com as desavenças. E, ao lado disso, se estabelecer o respeito capaz de dar às instituições públicas o suporte para bem cumprir suas finalidades. Criar o ambiente onde nos três níveis – federal, estadual e municipal – o poder seja exercido como o descrito na Constituição, com Poder Legislativo cuidando das leis, o Executivo administrando a máquina pública e o Judiciário apenas julgando as divergências da sociedade. É preciso evitar a todo custo que um poder institucional invada as prerrogativas do outro porque isso, além de tumultuar a governança, fere de morte a democracia que, nesse caso, pode ser classificada como anarquia ou até ditadura, palavra que muitos repetem como meros papagaios que ouviram alguém dizê-la, mas não sabem o real significado.
É de se esperar que os candidatos a prefeito e vereador de 2024 venham com um novo e patriótico espírito. E que o eleitor consiga eleger os melhores para, aos poucos, ir devolvendo ao país o sentido cívico das eleições. Chega de políticos comportando-se como clássicos moleques de rua ou coisa menos útil à sociedade. Este país só irá para a frente no dia em que o povo tiver motivos para respeitar a classe política. O homem público tem de ter recato e respeito. E conhecer a importância do posto que ocupa. Partindo do princípio defendido por muitos expoentes da política nacional, de que o povo mora no município (não no Estado e nem na União), os políticos municipais têm à sua disposição o recurso de acionar seu partido em busca daquilo que o município necessita. E, se o partido não corresponder, há a alternativa de trocar de partido (coisa que nenhuma agremiação quer depois de ter eleito seus representantes). Temos a certeza de que, sem sair de sua cidade ou até mesmo de sua bancada de trabalho, o prefeito e o vereador conseguem mobilizar seu partido de filiação e este irá atrás dos interesses municipais. O prefeito e o vereador filiados acionam o partido local, o partido local vai ao estadual e, se necessário, o estadual vai ao federal e sensibilizam governador e presidente da República a atuar conforme a necessidade. Feito isso, o povo terá orgulho dos seus eleitos e motivo para neles continuar votando.
Se conseguirmos fazer uma boa eleição municipal, automaticamente estaremos construindo melhores bases para as disputas maiores, de 2026, quando serão eleitos presidente, governadores, senadores e deputados (federais e estaduais). Poderá ser o começo do novo Brasil.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo (Aspomil)