Padre Márcio Prado
Chegamos a uma das mais importantes semanas para o cristianismo, a Semana Santa, a “Semana Maior”, a “Semana das semanas”, ousaria eu dizer. Mas como celebrar o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus nas atuais circunstâncias?
A questão que se repete: os filhos de Deus sempre fizeram festa após duras provas, momentos complicados. E hoje, nós somos convidados a fazer essa experiência na Semana Santa, que culmina com a Páscoa, o principal evento, o coração da fé cristã. Toda vida de Jesus Cristo foi de entrega, doação, amor e misericórdia.
A Semana Santa inicia com o Domingo de Ramos, quando Jesus entra em Jerusalém e é saudado pelo povo como rei. Foi a única vez que o Senhor permitiu ser honrado, e que lição bela deu ao permitir tal ação do povo. Ele permitiu ser saudado, honrado e aclamado sobre um burrinho. Jesus não entrou de maneira majestosa, não emprestou um cavalo ou uma carruagem do rei Herodes. Ele não entrou pelas ruas da cidade antiga com pompas, afinal, seu reinado nunca foi assim.
Desde seu nascimento, Jesus veio pobre, humilde; cresceu no “escondimento” de Nazaré e, somente depois, aos 30 anos, iniciou sua vida pública. No entanto, continuava a exercer o ministério de forma humilde e misericordiosa.
A Semana Santa inicia com a entrada de Jesus em Jerusalém e termina com a Ressurreição. Mas no meio temos a Paixão do Senhor. Nesta semana, a liturgia fala das perseguições que Jesus sofreu, das traições, de sua solidão, do sentimento de abandono, da morte e da vida. Na quinta-feira Santa tivemos a Missa da Ceia do Senhor, conhecida como celebração do “Lava-pés”; nesta sexta-feira a celebração da Paixão do Senhor e na vigília do sábado a Páscoa do Senhor.
Teremos uma grande e importante semana, uma grande festa, mas ainda num cenário complicado de saúde pública. Que desafio! Que tempo vivemos! Viveremos mais uma Semana Santa semelhante à do tempo de Jesus. Brigas políticas, divisões no meio religioso e pessoas que estão assistindo tudo, algumas apreensivas e outras com indiferença.
Se viveremos mais uma Semana Santa aos moldes da primeira, nada de desespero por causa disso, vivamos com fé. Pois Jesus venceu o mal na obediência ao Pai. Sim, a Vida vence a morte, a Esperança vence o desespero, e a confiança renasce frente ao medo.
Por fim, nada de desânimo! Entremos na Semana Santa, aliás parece que nossa vida é uma Semana Santa, não é? Entremos com Jesus em Jerusalém (nossa casa, nosso trabalho). Como Ele, ora somos aclamados e ora somos injuriados… Entremos na Jerusalém do nosso coração, na confusão que muitas vezes ali está presente, mas como Jesus, foquemos na vontade do Pai, Ele está conosco! Entremos em Jerusalém com Jesus e por Jesus, e vamos imitá-lo.
Nesta Semana Maior, mesmo à distância ou não, participe com muita fé das celebrações. No domingo de Ramos e na Sexta-feira Santa escutaremos a narração do caminho do calvário de Jesus. Convido você a se colocar no lugar dele e pedir a Deus a graça de responder às maldades e adversidades como Ele. No atual calvário que vivemos, olhemos para Jesus e vamos nos levantar das quedas, consolar os desesperados e perdoar os que nos fazem mal.
No calvário da vida, vamos imitá-Lo na obediência, no amor, no sacrifício por amor ao Pai. Viveremos assim a melhor Semana Santa, a melhor Páscoa, porque a vida não termina no calvário e nem no sepulcro. A vida em Cristo é eterna!
Padre Marcio Prado é sacerdote da Comunidade Canção Nova e autor dos livros “Entender e viver o Ano da Misericórdia” e “Via-sacra do Santuário do Pai das Misericórdias”, pela editora Canção Nova