Início Opinião A língua da startup

A língua da startup

680
0

José Renato Nalini

Apesar do fosso intransponível entre incluídos e excluídos nesta Terra de Santa Cruz, há uma juventude antenada que já consegue falar a língua das startups. A curiosidade vence todos os obstáculos. A escola sofrível, a falta de conectividade, a carência de quase tudo o que tornaria mais digna a vida de milhões de brasileiros.
Por isso é que eles sabem o que significa Design thinking, linguagem corriqueira nas startups e nas áreas de inovação nas demais empresas. É um processo multidisciplinar que procura a solução de problemas a partir dos usuários. Fazer com que os próprios interessados desenhem o que seria conveniente adotar para aprimorar o produto ou o serviço.
Eles também conhecem Disc, a metodologia de avaliação comportamental que se utiliza para identificar características marcantes, potenciais e pontos de desenvolvimento em uma pessoa. A sigla resulta das iniciais de dominância (d), influência (i), estabilidade (s) e conformidade (c). Rotineiro, ainda, o emprego de D&I, a sigla que identifica Diversidade e Inclusão. Surgiu para assimilar as pessoas com deficiência, mas logo absorveu as questões de gênero, raça, idade, tudo o que pode adquirir uma conotação de diferença.
Todos já ouviram falar em engajamento e em escuta ativa. Mas talvez ainda estranhem o EX (employee experience), que foca o ponto de vista do colaborador, como ele enxerga a empresa em quesitos como clima organizacional, liderança, plano de carreira, salário e benefícios. É algo que alavanca ou rebaixa o conceito reputacional da companhia.
Fit cultural é o encaixe entre o candidato e a vaga, sob a vertente da política cultural da empresa. Já follow-up é o acompanhamento periódico das atividades de uma área ou equipe ou de demandas de projetos específicos. Pode ser chamado de FUP. O Job Shadowing é um programa educacional em que estudantes do ensino médio ou universitário frequentam uma empresa por determinado período, com o objetivo de descobrir se gostam do tipo de trabalho ali desenvolvido. Quase que um estágio para familiarizar o futuro trabalhador com a realidade do “chão da fábrica”.
Aqueles que não querem ficar sem trabalho, daqui para a frente, têm de conhecer bem essa linguagem. Emprego vai faltar, mas ocupação para quem dominar o mundo digital vai sobrar.

José Renato Nalini é reitor universitário, docente de pós-graduação e presidente da Academia Paulista de Letras