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Educação e o uso das tecnologias

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Prof. Dr. Valmor Bolan

Como as crianças lidarão com os desafios da nova realidade do mundo globalizado? Cada vez mais os pais buscam respostas a estes novos desafios, tendo em vista tantas possibilidades e também problemas nesse novo contexto, que vai se transformando a cada dia, muito rapidamente. O fato é que as tecnologias se tornaram presença na vida das crianças, exigindo saber utilizá-las, cabendo aos pais a tarefa de dar um bom direcionamento deste uso, para a boa formação dos filhos. Mais do que informar, é preciso que haja boa formação para a vida, desde cedo.
Kelly Drumond afirma que “a nova geração de estudantes está imersa em um contexto social no qual os recursos tecnológicos fazem parte das atividades cotidianas de uma maneira muito natural. Observando essa realidade, é fato que as escolas também  precisam considerar a integração da tecnologia na dinâmica escolar”. E lembra que “a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) incentiva a modernização dos processos educacionais e das práticas pedagógicas com o objetivo de formar as habilidades e competências necessárias para o século XXI”. Duas das dez Competências Gerais determinadas pela BNCC – que devem ser desenvolvidas pelos estudantes ao longo de todos os anos da Educação Básica – estão relacionadas ao uso da tecnologia.
As competências 4 e 5 estão explicitadas na BNCC, expressa ipsis literis: competência 4: “utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo (BNCC, 2018)”. E competência 5: “Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva”.
Nesse sentido, como esclarece Kelly Drumond, “a proposta da Base Nacional Comum Curricular é sensibilizar sobre o uso das tecnologias e seu papel na educação. Para essa fase escolar a BNCC propõe que os recursos digitais sejam inseridos nos seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento. Assim, além de incentivar a construção de significados sobre si, os outros e o mundo social e natural, é preciso considerar os conhecimentos de diferentes linguagens e modalidades. Isso quer dizer que as práticas pedagógicas devem também estimular os usos da tecnologia e recursos digitais para a construção de aprendizados significativos”. Por isso, os pais devem estar atentos a essas competências, e também os professores, para que haja melhores condições de desenvolvimento das habilidades e competências dos estudantes, desde o ensino infantil.
As tecnologias digitais não podem ser vistas como bicho-papão. Elas estão aí para auxiliar no processo educativo. O segredo – como dissemos – é como saber utilizá-las para o desenvolvimento das habilidades e das competências e, especialmente, da promoção da vida. Como observa Kelly Drumond: “A tecnologia dispõe de possibilidades para as práticas experimentais de aprendizado, potencializando a formação das crianças quanto às competências socioemocionais e estimulando as habilidades necessárias para os novos tempos”. Este é o sentido que deve prevalecer no uso das tecnologias digitais, para que haja um melhor proveito. Não há dúvida de que, sabendo fazer bom uso das tecnologias, a Educação alcançará melhor qualidade.

Valmor Bolan é doutor em Sociologia, professor, ex-reitor e dirigente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. É pós-graduado em Gestão Universitária pela Organização Universitária Interamericana, com sede em Montreal/Canadá